sexta-feira, 30 de julho de 2010

Beto em ritmo acelerado


O candidato ao governo pelo PSDB, Beto Richa, está neste momento participando de uma sabatina na Ocepar. À tarde estará em Adrianópolis e Tunas do Paraná, onde apresenta suas propostas para segurança, educação e saúde. Richa mantém o ritmo acelerado, após renovar suas energias na comemoração de seus 45 anos ontem (29).
no Blog do Fábio Campana

Acéfala, Fiesp fica fora dos debates eleitorais

Com empresariado dividido entre Serra e Dilma e com Paulo Skaf tentando o governo do Estado pelo PSB, entidade sequer preparou propostas


Patrícia Campos Mello - O Estado de S.Paulo

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), principal entidade do empresariado paulista, sumiu do cenário eleitoral. A entidade não terá nenhum debate ou encontro público com os candidatos, não dispõe de datas para receber os presidenciáveis e nem vai entregar propostas para os candidatos. Por enquanto, o único projeto é a entrega de propostas depois da eleição, para o presidente eleito, no dia 8 de novembro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) já promoveram debates e encontros com os presidenciáveis.

"De todas as eleições que presenciei, nunca vi a Fiesp tão pouco engajada como agora, não há envolvimento em torno de uma candidatura presidencial", disse ao Estado um destacado integrante da Fiesp. Para alguns empresários, isso mostra a menor relevância política da Fiesp de hoje, depois de, no passado, a entidade ter influenciado inúmeras eleições. Lembram, também, a força do então presidente da Fiesp, Mario Amato, que afirmou em 1989 que 800 mil empresários iriam deixar o País se Lula ganhasse a eleição.

Muitos acusam Paulo Skaf, que se licenciou da presidência da entidade para concorrer ao governo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), de ter usado a Fiesp para ganho político e, agora, deixá-la "acéfala", como disse o consultor empresarial e ex-deputado federal Emerson Kapaz. "O envolvimento direto de Paulo Skaf como candidato ao governo desmobilizou a liderança da entidade, a Fiesp ficou acéfala", diz Kapaz, que se candidatou à presidência da federação em 1992. Skaf deixou-a no fim de maio para concorrer ao governo pelo PSB e foi substituído pelo empresário Benjamin Steinbruch, que ali trabalha apenas meio período.

Skaf não quis dar entrevista sobre a Fiesp. Segundo ele, por estar licenciado da presidência, não é apropriado falar dela. Atualmente, o candidato do PSB tem 2% das intenções de voto para o governo de São Paulo, segundo pesquisa do Ipesp realizada entre 9 e 11 de junho. Ele está em quarto lugar, atrás de Geraldo Alckmin (PSDB), com 50%, Aloizio Mercadante (PT) com 17% e Celso Russomanno (PP) com 12%. "A maioria da Fiesp está com o Alckmin, pouca gente vai votar no Skaf porque é difícil um empresário se identificar com o programa do Partido Socialista Brasileiro", observa um diretor da entidade.

Divididos. Segundo outro integrante da Fiesp, a entidade está muito "apática" e um dos motivos é a divisão dentro das hostes empresariais - muitos apoiam o candidato do PSDB à presidência, José Serra, mas uma grande parte vai votar na candidata do PT, Dilma Rousseff, porque quer continuidade. "As pesquisas estão muito apertadas, ninguém quer se posicionar."

A assessoria da Fiesp afirma que a entidade não está nem mais nem menos engajada do que em outras eleições. E diz que cancelou um evento de entrega de propostas aos candidatos ao saber que ele seria realizado no mesmo dia do debate da CNI.

José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade, afirmou que as áreas técnicas da entidade estão preparando material com a posição da indústria e contactando as campanhas, para entregar depois da eleição. "Convocar debate não é muito útil, eles vão ficar fazendo proselitismo, falando para a mídia, e não discutir propostas", diz.

O Movimento Brasil Eficiente, composto por várias entidades, organizou um evento para apresentar propostas de reforma tributária e de corte de gastos públicos. O candidato a vice na chapa de Serra, Índio da Costa, foi convidado, mas acabou não indo, após polêmica de suas declarações ligando o PT às Farc. Participaram o cineasta Luís Carlos Barreto, como empresário próximo ao PT, e Rodrigo Maia, presidente do DEM.

Carlos Schneider, coordenador da organização, criou o Movimento por achar pouco eficiente cada entidades criar suas propostas, muitas vezes conflitantes. "É menos eficiente quando a Fiesp faz uma coisa, a CNI outra, a Fierj outra", diz Schneider.

Em RN, Marina divide atenções com a Marcha da Maconha

Visita da candidata ocorre no mesmo dia da manifestação que defende a legalização da droga


Daiene Cardoso - Agência Estado

SÃO PAULO - Em agenda de campanha em Natal, a candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, dividirá as atenções dos potiguares com a Marcha pela Maconha, prevista para as 16 horas desta sexta-feira, 30. Pela manhã, Marina deu entrevistas a duas emissoras de rádio e defendeu um plebiscito para discutir a legalização da maconha. "Não podemos resolver isso (legalização da droga) sem um grande debate", argumentou.

A candidata disse que respeita as opiniões do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que são favoráveis à legalização, mas assim como na questão do casamento gay, ela é contra. No entanto ela espera que o assunto seja levado à sociedade. "Eu nunca tive nenhuma atitude de discriminação", afirmou.

Durante entrevista de 25 minutos à Rádio 95 FM, Marina disse que sua candidatura conseguiu se impor no cenário eleitoral e que "acabou o plebiscito" entre PT e PSDB. No entanto, para a candidata o desafio agora é "acabar com a baixaria" de acusações entre seus adversários. "Eu não estou me deixando pautar pelo jogo do vale-tudo."

A presidenciável voltou a criticar as acusações do vice do presidenciável José Serra, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), que levantou recentemente a questão da suposta relação entre PT e as Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc). Marina disse que falta a Indio maturidade e"quilometragem política". "O vice do Serra às vezes extrapola. Não vale tudo para se ganhar as eleições", criticou.

Marina disse esperar de seus adversários uma postura de respeito à legislação e que, após as multas da Justiça Eleitoral, que não haja mais infrações. Para ela, Dilma Rousseff (PT) e Serra colecionam multas porque suas candidaturas têm estrutura financeira para pagar as punições. "Eu ia lavar prato pelo resto da vida se fosse multada toda semana", disse.

Governos. Se eleita, ela afirmou que não discriminará governos de oposição ao seu partido por acreditar que isso representa um "pensamento mesquinho". "Essa é a política pequena." Num discurso voltado para os nordestinos, Marina defendeu mais investimento em educação (principalmente no combate ao analfabetismo), saúde (com foco na luta contra a mortalidade infantil), segurança (destacou a violência doméstica) e manutenção do Bolsa Família, rechaçando a ideia de programa assistencialista. "Só chama de assistencialista quem não sabe o que é passar fome", rebateu ela durante entrevista à Rádio 96 FM.

Marina também abordou durante as entrevistas o investimento em obras de infraestrutura, uma vez que o Estado receberá jogos da Copa do Mundo de 2014. A candidata afirmou que quer ir além do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o qual chamou de sistema de gerenciamento de obras. "No governo do Fernando Henrique Cardoso nem tinha isso", cutucou.

A candidata aproveitou o assunto para rebater os críticos que afirmam que um governo verde não investirá em obras. "A gente pode fazer os investimentos sem destruir a natureza. O que não dá é fazer de qualquer jeito", disse.

Marina defendeu ainda o corte de gastos e o fim do "festival de cargos comissionados". "O servidor concursado deve ser mantido. O que nós temos de acabar é com o desperdício", propôs. A candidata disse se espelhar no modelo de transparência na divulgação dos gastos implementada pelo presidente norte-americano Barack Obama. "Quero fazer como o presidente Obama, colocar tudo na internet."



Prefeitura de Jaboticabal-SP cria projeto 'bolsa adoção'

AE - Agência Estado

A partir de janeiro, a prefeitura de Jaboticabal, na região de Ribeirão Preto, colocará em prática o projeto Auxílio Temporário à Adoção, ou "bolsa adoção". Pelo programa, parentes das crianças que estão em uma das três instituições do município ou famílias substitutas receberão mensalmente entre meio e um salário mínimo por até dois anos para fazerem a adoção.

O programa foi criado pelo prefeito José Carlos Hori (PPS), que é pai adotivo e atuou em abrigos para crianças e adolescentes. Segundo ele, a primeira intenção é fazer com que pessoas do laço sanguíneo - os próprios pais, tios, irmãos mais velhos ou avós - cuidem das crianças. "Em instituições, a criança cresce bem fisicamente, mas mal emocionalmente, pois só aprende a dizer ''tio'', e não ''pai'' ou ''avô''." Cerca de 80 crianças poderão ser beneficiadas pelo programa.

Parentes ou famílias substitutas podem optar pelo auxílio em dinheiro, mas o valor deve ser destinado exclusivamente às necessidades das crianças. Eles também podem receber a ajuda em outras formas, como ter uma casa para morar isenta de aluguel enquanto estiverem inseridos no programa. A prefeitura vai reservar R$ 500 mil do orçamento de 2011 para construir 15 unidades habitacionais para esses casos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ducci será o primeiro curitibano no Censo 2010

No Fábio Campana



O prefeito Luciano Ducci será o primeiro curitibano a ser entrevistado para o Censo 2010 do IBGE. Ele responderá a pesquisa na segunda-feira, às 8h30, em seu gabinete. O entrevistador será o coordenador operacional do Censo no Paraná, Edemilson Mainardes Gonçalves.

Gastos do governo em ano eleitoral derrubam o superávit primário

Recursos economizados para o pagamento de juros da dívida acumulados em 12 meses, até junho, caíram para R$ 69,368 bilhões

Edna Simão / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A disparada dos gastos do governo federal e dos Estados para viabilizar obras em um ano eleitoral fez com que o superávit primário (economia para pagamento de juros dívida), acumulado em 12 meses até junho, caísse para R$ 69,368 bilhões ou o equivalente a 2,07% do Produto Interno Bruto.

Esse resultado fortalece as apostas de que a meta de superávit primário de 3,3% do PIB só será atingida com o abatimento de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) apontam que o superávit primário acumulado em 12 meses até janeiro totalizou R$ 73,344 bilhões ou 2,31% do PIB. No decorrer do ano, no entanto, o ajuste fiscal foi afrouxado para ampliar investimentos e a economia recuou para R$ 69,368 bilhões (2,07% do PIB), mesmo com o forte aumento da arrecadação.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, admitiu que esses números são influenciados pelo período eleitoral, mas a correlação entre eleições e o resultado fiscal é cada vez menor.

Segundo Lopes, a tendência é de que a meta de 3,3% seja cumprida por causa da perspectiva de aumento das receitas e acomodação do ritmo das despesas no segundo semestre - por conta das restrições pré-eleitorais e fim do processo de reestruturação de carreiras do serviço público.

"Há o compromisso já manifestado pelo secretário do Tesouro (Arno Augustin) de que vai atingir os 3,3% do PIB e esse é o posicionamento do governo", frisou Lopes.

Abaixo da expectativa. O economista da consultoria Tendências, Felipe Salto, acrescentou que o superávit primário em junho veio bem abaixo de sua expectativa de R$ 3,9 bilhões. Pelos dados do BC, a economia para pagamento de juros no mês passado somou R$ 2,059 bilhões, o pior resultado para junho desde 2003. "As despesas estão altas e a atividade está se arrefecendo e isso afeta as receitas. Estou mantendo minha previsão de que a meta de superávit primário não será cumprida", disse Salto.

A gastança é também nítida nas contas dos governos regionais - inclui Estados e municípios - que registrou superávit de R$ 1,7 bilhão no mês passado, o mais baixo desde junho de 2006. Esse resultado foi puxado pelos governos estaduais, que, para ampliar investimentos em ano eleitoral, reduziram para R$ 985 milhões a contribuição para o governo federal - o valor mais baixo para o mês desde junho de 2003.

No semestre, o superávit primário somou R$ 40,105 bilhões (2,36% do PIB) e ficou ligeiramente acima dos R$ 35,255 bilhões apurados no mesmo período do ano passado - período em que o país ainda sofria os impactos da crise financeira mundial. O superávit primário do governo central no período foi de R$ 24,767 bilhões nos seis primeiros meses do ano, ligeiramente acima dos R$ 20,949 bilhões, influenciado pelo aumento de mais de 70% dos investimentos. Os governos estaduais também colocaram o pé no acelerador e ampliaram suas despesas. O superávit primário dos Estados somou R$ 13,966 bilhões no semestre, o pior resultado para o período desde 2006.


Efeito eleições

R$ 69,3 bi é o superávit do governo acumulado em 12 meses até junho

2,07% é a porcentagem do resultado em relação ao PIB

Lula ataca 'elite brasileira' em discurso com Dilma

LUCAS AZEVEDO - Agência Estado
Após cumprir a agenda de Presidente da República durante o dia no Rio Grande do Sul, Luiz Inácio Lula da Silva subiu no palanque como cabo eleitoral na noite dessa quinta-feira, em Porto Alegre. Foi a estrela principal, ao lado da candidata à presidência, Dilma Rousseff, e do nome petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, no terceiro grande comício da campanha e o primeiro da coligação Unidade Popular pelo Rio Grande (PT, PSB, PCdoB e PR).

A presença de Lula e Dilma no palanque de Tarso cria um desconforto no PMDB e no PDT, dois dos principais aliados do partido no âmbito nacional.

Lula iniciou seu discurso com bom humor. Depois de saudar os presentes, pediu à plateia, que empunhava bandeiras e cartazes, que ajudasse os profissionais de imprensa, que tinham dificuldade de visualizar o palco. "Se os pirulitos colaborarem, podemos até sair em uma fotografia, o que está sendo meio difícil."

O presidente arrancou gritos e aplausos quando fez um paralelo entre a sua sucessora e o poder da mulher brasileira. "Esse país não pode ser governado apenas com a sabedoria da cabeça. Tem que misturar a sabedoria com a sensibilidade do coração. E ninguém tem mais sensibilidade do que uma mãe."

Lula criticou o que chamou de "elite brasileira". "A elite brasileira não sabia o que era capitalismo. Foi necessário um metalúrgico entrar na Presidência para ensinar como se faz capitalismo. Foi esse metalúrgico que chamou o presidente do FMI e disse: ''estamos cansados de gritar fora FMI." Durante a espera por Lula, um vídeo contando a trajetória de Dilma foi exibido.


MG: POLÍCIA INVESTIGA SUMIÇO DE R$ 50 MILHÕES

A polícia de Minas Gerais investiga o sumiço de pelo menos R$ 50 milhões de investidores. O principal suspeito é Thales Emanuelle Maiolini, dono de uma consultoria financeira, em Belo Horizonte. A Comissão de Valores Mobiliários informou que a empresa não tinha autorização para atuar no mercado de investimentos. O escritório não abriu nesta quinta-feira (29). Thales prometia ganhos de até 11% ao mês e sumiu.

no Bahia Notícias

Mercadante terá campanha investigada por Procuradoria Eleitoral

Candidato ao governo de SP é suspeito de usar funcionários do Senado na campanha


Roberto Almeida, de O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo vai investigar o uso de servidores do Senado nas campanhas do candidato ao governo de São Paulo, Aloizio Mercadante (PT), e do candidato à reeleição no Senado Romeu Tuma (PTB).

De acordo com o Ministério Público, os procuradores eleitorais auxiliares instauraram portaria conjunta para investigar uma "eventual infração". O uso de servidores do Senado nas campanhas foi revelado em reportagem publicada na edição desta quinta-feira, 29, do Estado.

Segundo a reportagem, os dois senadores por São Paulo que disputam o pleito deste ano mantêm assessores pagos pelo Senado em escritórios políticos na capital paulista.

Tuma tem 15 assessores em uma casa na Vila Mariana, zona sul da cidade. Mercadante mantém 16 em um escritório na Vila Madalena, zona oeste.

Entre eles está o motorista Alexandre Ramos Fonseca, funcionário do Senado, que tem levado Mercadante aos compromissos de campanha na capital. O petista negou irregularidades.

No caso de Tuma, Marcelo Ferreira Chagas informou que sua função no escritório político do candidato é dar suporte de informática. Chagas negou que estivesse fazendo campanha.

A assessoria de imprensa de Tuma argumentou que "ainda não foi criado o comitê eleitoral e a campanha de rua também não foi iniciada".




quinta-feira, 29 de julho de 2010

Juventude: apatia ou exclusão política?

Danilo Moreira

Correio Braziliense

Historiador, presidente do Conselho Nacional de Juventude

João Marcos Pereira Vidal
Vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude

Existe um discurso, recorrente, de que há generalizada alienação política da juventude brasileira, permeada por falta de ideologia e de senso crítico. Assim, os jovens (considera-se jovem pessoa entre 15 e 29 anos) são vistos como passivos e muitas vezes relacionados a ideais consumistas e individualistas. Tal posição normalmente vem associada a uma comparação com a juventude durante o regime militar, entre as décadas de 1960 e 1970. No entanto, essa perspectiva é descontextualizada e genérica.

Prevalece na sociedade um sentimento, por vezes amplificado nos meios de comunicação, de pessimismo e ceticismo quanto à atual participação política juvenil. Ações protagonizadas por jovens ganham mais repercussão quando ligadas a atos de violência ou marginalidade e inúmeras expressões positivas da sua participação são ignoradas, criando visão parcial da realidade na chamada opinião pública.

Também na contramão do que se podia imaginar, em Brasília, mesmo após um escândalo de corrupção que resultou no afastamento do governador e na cassação de vários deputados, o número de eleitores entre 16 e 17 anos que retirou título aumentou em 128% entre 2009 e 2010.

Analisando os dados nacionais recentemente divulgados pelo TSE, que apontam queda de 6,8% número de eleitores entre 16 e 17 anos, quando fazemos a comparação entre as duas últimas eleições presidenciais (2006-2010), tal dado não poderia ser tratado com tanto alarmismo. Se, por um lado, em números absolutos, temos a maior geração de jovens em números da história, por outro, experimentamos mudança em nossa pirâmide demográfica com a redução das taxas de natalidade e consequente redução da população jovem. Segundo dados do Ipea, o percentual da população entre 15 e 29 anos reduziu-se de 29%, em 1980, para 26%, em 2010, e, seguindo essa tendência, representará 19% do total de brasileiros em 2050.

É importante percebermos que, pari passu ao avanço da democracia no Brasil, constituiu-se uma juventude multifacetada, atuando em diferentes esferas da sociedade, aliando o compromisso com as grandes questões nacionais a bandeiras políticas próprias e multicoloridas. Percebemos o reflexo dessa atuação em canais de democracia participativa, como o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), que é composto por 20 membros do poder público e outros 40 da sociedade civil, e na Conferência Nacional de Juventude promovida por esse Conselho em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude.

No Conjuve, em funcionamento desde 2005, além da importante representação das organizações estudantis, estão presentes diversas outras formas de associativismo juvenil contemplando temas como mulheres, negros, empresários, indígenas, religiosidade, trabalhadores rurais e urbanos, livre orientação sexual, jovens com deficiência, partidos políticos, hip-hop, ambientalistas e cultura. Em 2008, essa diversidade pôde mostrar sua força na 1ª Conferência Nacional de Juventude, que contou mais de 400 mil participantes em todo país. Tais evidências deveriam ser consideradas antes de afirmarmos que participação juvenil é produto exclusivo de década passadas.

Foi esse emergente campo político que assegurou no último dia 7 de julho a aprovação da PEC da Juventude, hoje Emenda Constitucional nº 65, reconhecendo esse segmento como sujeito de direitos em nossa Carta Magna. A aprovação unânime da matéria na Câmara e o no Senado, foi alcançada graças a uma legitimidade construída nos últimos cino anos, a um corpo a corpo com parlamentares e uma ampla e inovadora mobilização via Twitter. que mostraram a força de uma diferente forma de manifestação. Olhar para o jovem de hoje, com o mesmo olhar da década de 60 e 70, não é mais possível.

Entretanto, uma coisa é certa: o espaço ocupado pela juventude na esfera de poder eletiva ainda é muito reduzido. Do universo de 136 milhões de eleitores registrados pelo TSE, 30% é composto por jovens até 29 anos. No entanto, desde a redemocratização do Brasil nunca passou de 3% o número de jovens deputados federais. Esses são os números da exclusão política da juventude e um evidente sinal do longo caminho que a nossa democracia representativa precisa percorrer. Talvez seja esse um dos temas da uma necessária reforma política, mais uma vez assumida como prioridade pelos principais postulantes à Presidência da República. E, por que não dizer, um tema a ser aprofundado nas pautas do nosso jornalismo e em campanhas de utilidade pública, que os meios de comunicação podem permanentemente promover para o bem da juventude, da democracia e do Brasil.

Empate técnico uma ova

Do Maxblog, de Rogério Distéfano:

Vamos interpretar as pesquisas eleitorais a nosso gosto. Por exemplo, na última Beto Richa tem 42% das preferências e Osmar Dias 37. As pesquisas acrescentam: há margem de erro de três pontos, para cima ou para baixo. E a inevitável conclusão: nessa margem de erro estão empatados. Para chegar a isso os institutos aumentam 3 pontos para quem está abaixo e diminuem três pontos de quem está acima. Para manter a sanidade mental devemos fazer diferente. Se você é Beto, aumente três pontos para ele e diminua três de Osmar. Resultado, Beto fica com 45% e Osmar com 34%. Se você é Osmar reduza três pontos de Beto e aumente três para seu candidato: 40 a 39%. Depois esperemos a próxima pesquisa.

Serra ironiza acusações de que é ‘de direita’: ‘defender juros altos é ser de esquerda?’

por André Mascarenhas no Estadão

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, voltou a se defender hoje das acusações de que teria abandonado o campo ideológico da esqurda. Ontem, o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia comparou o tucano a um “troglodita de direita”.

Para Serra, as acusações são feitas por “gente que é de direita, que não tem nada pra falar e que monta factóides”. Serra aproveitou o tema para criticar a política de juros do governo federal. “Defender o maior juro real do mundo é ser de esquerda?”, questionou, ironicamente durante sabatina R7/Record News.

Veja a seguir os principais momentos da sabatina:

18h - Em coletiva após a sabatina, Serra negou que se incomode com o rótulo de candidato de direita. Segundo o candidato, as acusações são feitas a “gente que é de direita e que não tem nada pra falar e que monta factóides”. Serra aproveitou o tema para dizer que a política de juros do governo é dedireita. “Defender o maior juro real do mundo é ser de esquerda?”, questionou, ironicamente.

17h46 – Serra encerra sua participação na sabatina.

17h44 – “Todo mundo quer presidídio. Sabe onde? No município vizinho”, diz Serra ao ser questionado sobre se irá construir mais presídios caso seja eleito. Segundo, ele não foi possível avançar na questão em São Paulo devido às resistências da sociedade e governos locais.

17h42 – Serra critica o programa de governo apresentado pelo PT à Justiça eleitoral, e diz que o seu está em fase de conclusão. “Vamos nos comprometer com metas. O resto é trololó”, afirma.

17h42 – Serra critica o programa de governo apresentado pelo PT à Justiça eleitoral, e diz que o seu está em fase de conclusão. “Vamos nos comprometer com metas. O resto é trololó”, afirma.

17h38 – Serra procura diferenciar as multas eleitorais tomadas pelo PSDB e das do PT. “Essas multas que tem chegado, tem sido multas de estados que puseram a minha imagem de forma indevida”, diz. Para ele, há diferença em relação às multas tomadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na opinião do tucano, estaria deliberadamente burlando a lei eleitoral.

17h35 – “Eu sempre disse que não colocaria dinheiro público para a contruir estádio aqui em São Paulo”, diz sobre as previsões de gastos com infraestrutura para a Copa de 2014. Serra defende o investimento em transporte público e na adequação dos entornos dos estádios.

17h31 – Serra critica a reforma da Previdência do governo Lula. Para ele, o aposentado ganha mal e é mal tratado pelo Estado brasileiro. “Tratar melhor é melhorar a aposentadoria”, diz. O candidato propõe a criação de um novo sistema voltado para quem ainda não entrou no mercado de trabalho, com a manutenção do atual para quem já contribui com o INSS.

17h26 – “O salário mínimo vai ser o maior possível”, responde ao ser perguntado sobre como tratará a questão. “Se Deus quiser, vai continuar aumentando no rítimo dos últimos anos”. “Acho que nos próximos anos pode aumentar 50%”.

17h23 – “O Lula também privatizou, sabia?”, provoca ao ser questionado se irá reestatizar alguma empresa privatizada durante o governo Fernando Henrique Cardoso. “Belo Monte é tudo dinheiro do governo, mas o dono é privado”, ataca. “Sabe o que vou fazer? Vou estatizar os Correios, que hoje é de um partido”, completa Serra.

17h21 – Serra rechaça a pecha de que seja um candidato das elites. “Eu não acho que alguém que ganha dez salários mínimos ou que fez universidade seja rico. Eu quero o voto de todos”, afirma. “Sempre dediquei minhas políticas aos desamparados.”

17h18 – “Tem que vincular mais à educação”, diz sobre os programas sociais do governo Lula, como o Bolsa Família.

17h16 – Para Serra, os mensalões do PSDB e do PT são de naturezas diferentes. “Eu conheço o (ex-governador Eduardo) Azeredo, e sei que ele nunca recebeu dinheiro para votar em ninguém”, diz.

17h13 – “Não sou à favor do controle da internet”, diz em resposta à pergunta de um internauta. O candidato defende, entretanto, algum tipo de remuneração para os direitos autorais de artistas que têm suas obras compartilhadas pela rede. “Acho saudabilíssimo”, diz sobre o compartilhamento de arquivos pela internet.

17h05 – “Se o MST fosse de fato à favor da reforma agrária, o Plínio de Arruda Sampaio estaria com eles”, diz Serra, que aproveita para elogiar a “integridade” de seu adversário na corrida à Presidência. “Eles são fisiológicos”, acrescenta, ao ser questionado o que é, para ele, o MST. Serra aproveita para esclarecer declaração feita no início da semana, quando reproduziu tese do dirigente do MST João Pedro Stedile, para quem haverá mais invasões caso Dilma seja eleita presidente. “Dinheiro de governo é para atender interesse público, não é para dar subsídios para movimentos políticos”, afirma.

17h00 – “Quando eu fui ministro da Saúde, expandi em 50 mil os agentes de saúde”, diz Serra ao ser questionado se irá tirar do serviço público servidores que trabalhem bem. “Você tem que empregar onde precisa”, diz. Ele argumenta ter colocado, no alto escalão do ministério da Saúde, dois médicos ligados ao PT. “Eu não faço a menor diferrenciação de procedência partidária se ele for bom para a função”, acrescenta. O tucano acrescenta ainda não ter decidido se irá acabar com algum ministério. “Sei que vou criar dois”, afirma.

16h53 – Os internautas perguntam por que viajar em São Paulo é tão caro e se serra pretende levar para o plano federal a política de concessões do Estado. “O governo federal arrecadou, de 2006 a 2009, R$ 600 bilhões pela Cide, para recuperar estradas. Não usou um terço”, diz sobre a situação das estradas federais. “O loteamento político faz com que não se sigam prioridades”, critica. Segundo o ex-governador paulista, as melhorias nas estradas dependem do estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada, o que implica em pedágios. “Nós até mudamos o sistema de concorrência para o de concessões (em São Paulo). Na Ayrton Senna, o valor do pedágio caiu pela metade”.

16h47 – Serra nega que pretenda acabar com a reeleição no País, mas defende a reforma política. E propõe a criação do voto distrital no País. “Qual é a vantagem disso? O eleitor vai controlar aquele em quem ele votou”, disse.

16h44 – Questionado se nacionalizaria a legislação antitabagista do Estado de São Paulo, Serra diz que não vê necessidade, pois acredita tratar-se de uma responsabilidade dos Estados.

16h38 – “Ele é de direita”, diz Serra sobre o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “Eu acho que essa discussão direita/esquerda é uma bobagem”, diz Serra.

16h34 - Serra reitera as críticas de seu vice, Índio da Costa (DEM), que acusou o PT de ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc): “O PT errou ao tratar [as Farc] como força política, sendo que é, na verdade, do narcotráfico”, diz, depois de afirmar que “todo mundo sabe da ligação do PT com as Farc. As Farc são uma força do narcotráfico.” Serra também negou que sua campanha esteja fazendo “terrorismo eleitoral”, como acusam os adversários. “É o oposto. Eu vivo o tempo inteiro querendo discutir teses”, disse. Em seguida, atacou o PT. “Para eles, qualquer coisa que você contrarie é terrorismo.” Segundo o tucano, os adversários recorrem a essas acusações porque “não têm discurso”.

16h28 – Serra volta a criticar a política externa do governo Lula. Ele usa a questão dos presos políticos de Cuba para argumentar que o País não usa sua influência na região para influenciar em questões como a dos direitos humanos. “O Brasil não usou sua influência para resolver essa questão”, afirmou. “Você assumir um governo é ter uma política de Estado”, diz Serra ao ser questionado sobre que postura adotaria caso tivesse que sentar em uma mesa de negociações com desafetos da região, como o presidente venezuelano, Hugo Chávez. “O Chávez é dilmista e o PT é chavista”, acrescentou.

16h25 – Serra rebate as declarações do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia, para quem o tucano “abandonou a esquerda”. “Troglodita de direita é quem apoia o presidente do Irã, que manda apedrejar mulher adultera”, afirma o candidato, numa referência às relações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o mandatário iraniano, Mahmud Ahmadinejad.

16h23 – Serra usa os dados do Ideb em São Paulo para defender sua gestão à frente do governo. “Educação não é um desafio de partido, não é de governo, é do Estado brasileiro.”

16h16 – “Eu trabalho, 15, 16 horas por dia. Quanto ao horário, eu não sei qual seria. Não tenho problema em virar madrugadas”, diz Serra ao ser perguntado sobre seus hábitos notívagos.

16h14 – Um dos entrevistadores pergunta se Serra se sentiria constrangido em dizer as qualidades de Dilma Rousseff. “Acho que ela é uma mulher que luta”, responde Serra. “Para por aí?”, questiona o jornalista. “O que você quer, que eu faça um tratado sobre a Dilma?”

16h11 – Questionado sobre o compromisso, firmado em 2004, de se manter na prefeitura, Serra brinca: “Agora ninguém precisa se preocupar porque, se eu ganhar, não vou deixar a Presidência para concorrer a secretário da ONU.”

16h09 – A sabatina começa com a apresentação de reportagem com o currículo de Serra.

Minas de Aécio e governo tucano terá campanha paralela de Serra

* TUCANOS ESTUDAM CRIAR ATÉ 40 COMITÊS NO ESTADO - REUTERS

O candidato a presidente pelo PSDB, José Serra, terá uma estrutura independente em Minas Gerais para impulsionar sua campanha no Estado. Além de um comitê exclusivo, contará com até 40 subcomitês distribuídos por todo o território do segundo maior colégio eleitoral do país.

A estratégia foi montada para fazer frente a algumas dificuldades. A decisão foi tomada após descontentamento com o ritmo da campanha no Estado, onde o ex-governador Aécio Neves, que recusou-se a ocupar a vaga de vice na chapa de Serra, é a principal liderança do PSDB. O tucano Antonio Anastasia, que era vice de Aécio, tenta a reeleição.

"A ideia seria um reforço das ações no interior do Estado... no comitê do Anastasia, claro que a prioridade é mais o Anastasia, ainda mais numa eleição como esta (para o governo mineiro)", disse na quinta-feira à Reuters o secretário-geral do PSDB e coordenador da campanha de Serra em Minas, deputado Rodrigo de Castro (MG).

"Para dar mais efetividade, temos que ter uma estrutura complementar."

Minas, com 14,5 milhões de eleitores, é considerado um dos fiéis da balança nesta eleição. Lá, Serra e sua adversária do PT, Dilma Rousseff, estão tecnicamente empatados. Segundo Datafolha divulgado no fim de semana passado, o tucano tem 38 por cento das intenções de voto no Estado, contra 35 por cento da petista, em um levantamento com 3 pontos percentuais de margem de erro.

A preocupação da cúpula da campanha nacional tucana é de que os esforços de Aécio para eleger Anastasia, em segundo lugar nas pesquisas atrás de Helio Costa (PMDB), façam com que ele não se empenhe o suficiente por Serra. O mesmo Datafolha mostrou Costa com 44 por cento contra 18 por cento do tucano.

Até a semana passada, por exemplo, a maior parte do material de campanha de Aécio Neves, candidato ao Senado, e Antonio Anastasia ainda omitia a imagem de Serra em santinhos e adesivos. Por isso, tucanos concluíram que é preciso encontrar formas de fazer com que a campanha nacional encontre motor próprio.

O fato de a coligação de Anastasia incluir partidos que apoiam Dilma na corrida presidencial --PSB, PRB, PDT, PSC e PR-- também influenciou a decisão.

"O quadro de alianças dele (Anastasia) é maior que o nacional. Então, temos que ter mais efetividade", comentou Rodrigo de Castro. A coligação de Anastasia ao todo tem 13 partidos, enquanto a de Serra é formada por seis legendas.

Segundo o secretário-geral do PSDB, a ideia é reforçar a campanha de Serra à Presidência no interior do Estado, sobretudo nas principais cidades mineiras. O tucano pode ter de 20 a 40 comitês em Minas, dependendo da decisão da cúpula do partido e da campanha de Serra.



Apagão aéreo na Copa? - Josef Barat

Josef Barat - O Estado de S. Paulo

Neste mês foram instalados, por iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Juizados Especiais Cíveis nos aeroportos mais movimentados do País. Diante da percepção do crescente descontentamento dos usuários do transporte aéreo e, provavelmente, vislumbrando o risco de um novo "apagão aéreo", o CNJ decidiu repetir a experiência de 2007/2008. Naquela ocasião, diante do caos que se abateu sobre o setor aéreo, o Judiciário instalou unidades de conciliação nesses aeroportos, o que ajudou a aliviar muitos dos efeitos da crise. O CNJ mostra-se ciente de que os problemas do transporte aéreo não dizem respeito só às companhias aéreas, uma vez que determinou também a instalação de Juizados Especiais Federais, competentes para intermediar conflitos relacionados à Infraero, à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), à Polícia Federal e à Receita Federal.


Dada a fragilidade da memória nacional, cabe lembrar que o "apagão aéreo", ocorrido no decorrer de 2006/2007, teve origem numa conjunção de fatores. Inédito na história da aviação civil brasileira, o caos evidenciou: a ausência de políticas públicas consistentes; a falta de planejamento para o sistema aéreo; os graves problemas de gestão aeroportuária; a fragilidade institucional; e as notórias deficiências físicas e operacionais que existiam nas infraestruturas aeroportuária e aeronáutica do País. O crescimento persistente da demanda por voos domésticos e internacionais em porcentuais acima de dois dígitos esbarrou nos fatores apontados. Tratando-se de um sistema complexo e altamente integrado, a limitação de capacidade em cada um dos segmentos interferiu no desempenho dos demais, tornando as responsabilidades difusas.

O conflito entre demanda crescente, de um lado, e aeroportos com notórias deficiências de pistas, pátios, terminais e equipamentos, de outro, já era perceptível. De início, a crise da Varig agravou o desequilíbrio entre demanda e oferta, já que as soluções encaminhadas por meio do processo de recuperação judicial só geraram mais problemas ao criar uma reserva de mercado intocável. Por determinação judicial, não foi possível redistribuir horários e slots autorizados para a Varig (e por ela não utilizados).

Em seguida, o acidente com a aeronave da Gol trouxe à luz o problema das carências da infraestrutura aeronáutica. As operações aéreas foram agravadas sobremaneira por uma reação descomedida dos controladores de voo e falhas do controle do espaço aéreo (operação-padrão, sequenciamentos desnecessários, falhas de equipamentos de comunicação, radar e falta de pessoal). Por fim, o acidente com a aeronave da TAM gerou compreensivelmente grave comoção nacional, que, todavia, foi explorada pelo governo no sentido de desviar as atenções dos verdadeiros problemas infraestruturais e de planejamento e gestão existentes no setor aéreo.

De lá para cá o mundo girou, a Lusitana rodou e o fato é que perdura uma contradição. Qual seja a de um sistema em que, de um lado, empresas aéreas passaram a operar com níveis elevados de produtividade (em aeroportos aglutinadores), buscando atender a uma demanda em crescimento acelerado, e, de outro, infraestruturas com graves limitações físicas, operacionais e de gestão. Continua-se sem políticas e diretrizes claras e consistentes para o setor aéreo, sem planejamento sistêmico, com papéis institucionais frágeis e investimentos dispersos e sem foco de prioridades. Para agravar, Guarulhos, Congonhas, Brasília e Manaus estão operando próximo do limite das suas capacidades.

Portanto, pode-se dizer que o risco de um "apagão" continua latente e deverá aumentar com o crescimento da demanda em decorrência da boa fase da economia. A iniciativa do CNJ mostra que há algo de muito errado na gestão dos aeroportos brasileiros. Basta fazer um voo regular para constatar o sofrimento com o tempo gasto com atrasos de voos, troca de locais de embarque, desembaraço de bagagem, informações desencontradas, etc. É esse o ambiente que queremos para a Copa?

PRESIDENTE DO CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES DA FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DE SÃO PAULO, FOI DIRETOR DA ANACN

Além da Ficha Limpa - Márlon Jacinto Reis

Márlon Jacinto Reis - O Estado de S. Paulo

A Lei Complementar n.º 135/2010, conhecida como a Lei da Ficha Limpa, já impacta as eleições brasileiras com uma série de postulados inovadores, cujas premissas são facilmente percebidas por todos os níveis da sociedade, menos por uma minoria que ainda não compreendeu o momento.
Interpretar o Direito Eleitoral segundo princípios do Direito Penal constitui erro primário. Logo o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmará os seus precedentes e reafirmará que inelegibilidade simplesmente não é pena (MS n.º 22.087-2). Trata-se de critério jurídico-político instituído para orientar o responsável pelo registro da candidatura segundo presunções explicitamente autorizadas pelo parágrafo 9.º do artigo 14 da Constituição da República.
Nenhuma inelegibilidade se baseia na existência de culpa. Ao cônjuge de mandatário, ao analfabeto e ao que não se desincompatibilizou tempestivamente não se atribui o cometimento de nenhum ilícito. Mas são inelegíveis porque as normas consideram tais candidaturas inconvenientes. O mesmo ocorre agora com os condenados por tribunais: é irrelevante indagar se são ou não culpados, sendo suficiente para a incidência do critério a presença desse dado objetivo que é o acórdão condenatório.
Critério não retroage, aplica-se a partir de certo momento. Nas eleições de 2010 vigorarão os novos critérios desenhados pela Lei da Ficha Limpa. Serão, sim, alcançados fatos pretéritos, não para a aplicação de uma pena, mas para a verificação da incidência de um critério. Nada disso é surpreendente para os conhecedores do Direito Eleitoral.
Trata-se, na verdade, de uma noção jurídica elementar. Todas as democracias consolidadas conhecem limitações a candidaturas. Em algumas as restrições são duríssimas, como ocorre com os felons nos Estados Unidos. O cientista político David Fleischer, comentando o que ocorre nos Estados Unidos, disse certa vez que, "se um candidato for condenado em primeira instância, os partidos vão tratar como se fosse uma lepra, uma praga". Na Espanha, pessoas que praticaram crimes de terrorismo ficam inelegíveis já após a sentença de primeiro grau. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.
O certo é que nenhuma democracia sobrevive à intrusão do crime organizado na seara política. Nas eleições majoritárias isso ocorre de forma mais rara. Mas em nosso sistema eleitoral personalista - em que os partidos políticos exercem papel de meros coadjuvantes - as eleições proporcionais se converteram em porta fácil para a conquista do poder político, com todas as suas salvaguardas, dentre as quais o injustificável foro privilegiado.
Embora os realmente envolvidos em práticas delituosas - tais como desvio sistêmico de verbas públicas, narcotráfico, lavagem de dinheiro - sejam minoria, exercem grande influência nas Casas Legislativas, onde atuam como fiéis da balança na disputa hegemônica entre maioria e minoria.
Vendendo cara a sua adesão, seu número basta para influir sobre o Orçamento e sobre sua execução de modo a comprometer a higidez das contas públicas e do planejamento, contribuindo para a inviabilização do trâmite de projetos de lei estratégicos, como os relativos às reformas eleitoral e tributária. É o que se chama de "captura de governo", fenômeno que seguirá comprometendo a gestão pública enquanto não for contornado de modo satisfatório. Essa captura, sim, é profundamente antidemocrática e inconstitucional. Não é a esse desajuste que dá suporte a nossa Constituição, inspirada, inversamente, por noções como publicidade, impessoalidade, economicidade, moralidade e probidade administrativas.
Foi essa a leitura que embalou a Campanha Ficha Limpa. Ela está viva entre as dezenas de organizações que integram o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Além disso, representa o ideário de uma teia social complexa e inovadora que permeia novos movimentos sociais comprometidos com um modelo de País, sem dívidas com nenhuma ala ou partido.
Mas não tenho dúvida de que muitos outros segmentos, dentre os quais trabalhadores, profissionais liberais e empresários dos setores que embalam a nova economia brasileira, têm interesse na consolidação desse entendimento. Isso se aplica indistintamente a todos os interessados na aplicação de modelos de governança baseados na representação efetiva dos diversos estratos sociais, no planejamento estratégico das políticas públicas, no desenvolvimento pautado pela sustentabilidade e na estrita observância a parâmetros de responsabilidade e transparência.


A Ficha Limpa é um passo importante nessa direção, convidando à sedimentação de uma representatividade política mais compatível com as aspirações internas e externas de um país que evolui tão acertadamente em outros campos. Apenas um Parlamento formado por uma representação adequada poderá constituir a grande mesa de diálogo em torno da qual se consolidarão as ideias de democracia e República de que depende o nosso futuro.

Essa conquista é, portanto, daquelas que reclamam continuidade. Ela demanda a permanência da mobilização até o completo desfazimento do ciclo que atravanca nossa institucionalidade política, o qual só será mais diretamente enfrentado quando o Congresso Nacional, finalmente, se convencer do caráter inadiável da reforma do vigente sistema eleitoral.

Que venha, então, a nova iniciativa popular de projeto de lei. Desde que a sociedade civil possa alcançar consensos rumo à construção de um projeto sólido, poderá defrontar-se com as principais mazelas que reduzem a qualidade da nossa representação: a debilidade dos partidos, o clientelismo e a mercantilização das campanhas eleitorais.

Duda Mendonça pede R$ 15 milhões por campanha

Este é o valor pedido pelo marqueteiro para fazer o primeiro turno da campanha de Hélio Costa, do PMDB, candidato em Minas Gerais

Andréia Sadi, iG Brasília


O publicitário Duda Mendonça é um dos profissionais mais qualificados do marketing político brasileiro. A qualidade do seu trabalho é indiscutível e seu estilo tem influenciado profissionais da área de norte a sul do Brasil. Tê-lo como marqueteiro é o sonho de muitos políticos. Para realizá-lo, no entanto, é preciso estar com as finanças organizadas e o caixa abastecido. Para entregar um trabalho diferenciado, Duda Mendonça cobra um preço igualmente diferenciado.

Na proposta enviada ao candidato ao governo de Minas Gerais Hélio Costa, do PMDB, Duda Mendonça pediu R$ 15 milhões. O valor se refere ao primeiro turno. Um eventual segundo turno seria discutido em outro contrato. Pelo valor pedido, Duda Mendonça montaria um quartel general em Belo Horizonte com 60 pessoas. A equipe trabalharia de junho a outubro. A proposta inclui produção e gravação dos programas de televisão, além da contratação de pesquisas qualitativas. Duda enviou a proposta, mas ainda não obteve resposta do candidato Hélio Costa.

Nas últimas semanas, o publicitário e sua sócia Zilmar Fernandes têm trabalhado forte em duas frentes. Numa, enviam propostas para candidatos em diversos estados. Noutra frente, trabalham para montar equipes qualificadas. As propostas variam de preço, conforme a complexidade do trabalho. A eleição em Minas Gerais é considerada uma das mais complexas do País. Minas Gerais possui o quarto maior território brasileiro, o terceiro maior Produto Interno Bruto, a segunda maior população e o maior número de municípios: 853 municípios.

Outro pré-candidato em Minas Gerais é o ex-prefeito Fernando Pimentel. Pendurado nas prévias do PT no Estado, que acontecem neste domingo, Pimentel também é um cliente potencial de Duda, se ganhar a votação. A maior probabilidade é que ele se candidate para o Senado.

O marqueteiro foi cobiçado por parlamentares de todos os partidos. Um dos primeiros a negociar com Duda foi o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO). Chegaram a conversar sobre preços e projetos, mas ainda não fecharam negócio, segundo a sua assessoria.

Uma das estratégias dos políticos candidatos é adiar a negociação para tentar um desconto no preço considerado "salgado". Outros senadores, inclusive, desistiraram de contratar os serviços do marqueteiro reclamando da quantidade de clientes de Duda. É o caso do senador Gim Argello, do PTB. Candidato ao governo do Distrito Federal, Gim estava de olho em Duda desde o começo do ano, por indicação de sua amiga, a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, candidata à Presidência da República e que tem como marqueteiro o jornalista João Santana, indicado pelo presidente Lula.

Mas Gim desistiu das negociações. Queria um marqueteiro “mais exclusivo” e em conta. O iG apurou que, para campanha do Senado, Duda chega a cobrar de R$ 6 a R$ 10 milhões, dependendo do pacote contratado. Duda não está fora dos planos de Gim. Ele pensa em contratar seus serviços de consultoria para a campanha.

Para governos estaduais, além de Hélio Costa, Duda está no páreo para a campanha do candidato tucano em Tocantins, Siqueira Campos, e Zeca do PT, no Mato Grosso do Sul. Este último também recebeu recado de Dilma para considerar Duda. A assessoria de Zeca admite conversas com Duda, mas que a decisão ficará para meados de maio já que estão sendo avaliados outros profissionais da área.

O presidente em exercício do PMDB no Maranhão, Remi Ribeiro, confirmou que Duda prestou serviços para Roseana nesta fase inicial, mas o contrato para a campanha ainda está sendo negociado. “Se ele tiver disponibilidade, nós temos interesse. Ele fez as inserções agora na TV para a Roseana do PMDB maranhense, mas ainda estamos conversando”, disse Ribeiro, que não quis falar em valores.

Equipe de Dilma quer desconstruir imagem de Serra como gestor

Vera Rosa
O Estado de S. Paulo

O comando da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência prepara estratégia para desconstruir o discurso de bom gestor do adversário do PSDB, José Serra. A ideia é explorar a velha tática do medo de mudança e apontar "pontos fracos" do tucano como ministro da Saúde e do Planejamento, governador e prefeito de São Paulo.


Os programas sociais desenvolvidos pelo tucano estão na mira do PT, que pretende enlamear sua fama de administrador eficiente. Em reuniões realizadas ao longo da semana, a equipe de Dilma chegou à conclusão de que o melhor momento para pôr em prática a estratégia será no debate da TV Bandeirantes, em 5 de agosto.

Ex-ministra da Casa Civil, Dilma vai jogar os holofotes sobre o Bolsa-Família e a segurança pública. Na avaliação do comitê petista, os programas sociais representam para Serra, na atual disputa, o mesmo problema que as privatizações representaram para o então candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB)- hoje postulante ao governo paulista - na eleição de 2006.

O marqueteiro João Santana, que trabalhava à época para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agora assina a propaganda de Dilma, chegou a definir as privatizações, naquele embate, como "monstros vivos" a assombrar o tucanato.

"Eu acho impossível Serra dobrar o Bolsa-Família", afirmou Dilma, numa referência à promessa do rival. "Aliás, no período em que ele foi governador, o programa Renda Cidadã diminuiu." A candidata do PT tem números na ponta da língua para atacar Serra e repete como mantra que "quando o PSDB pôde mais, fez menos".

Dados do governo Lula indicam que 1 milhão e 100 mil famílias, em São Paulo, são beneficiadas pelo Bolsa-Família. "Pelos nossos cálculos, 1 milhão e 400 mil precisariam receber, mas São Paulo não conseguiu cadastrar todo mundo", alfinetou Dilma. "Quem cadastra é o governo federal em parceria com o município, o que quer dizer que, quando meu adversário foi prefeito, não cadastrou 300 mil."

Na contramão do Palácio dos Bandeirantes, que comemora o recuo da violência em São Paulo, a equipe de Dilma cita números da Organização Mundial da Saúde para concluir que a taxa de homicídios no Estado virou "epidemia".

"Serra promete o que ele não fez e vamos apresentar esse contraponto na campanha", insistiu o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. "Ele fala em criar o Ministério da Segurança, mas há 16 anos o PSDB é governo em São Paulo e não resolveu esse problema."

Na lista das dúvidas que o comitê de Dilma quer pôr na cabeça dos eleitor estão, ainda, a paternidade dos genéricos e a criação do programa de combate à Aids. Na tentativa de devolver ataques tucanos que apontam Dilma como "mentirosa", a cúpula do PT baterá na tecla de que Serra "falta com a verdade" quando colhe dividendos sobre a autoria de determinadas iniciativas.

A equipe de Dilma também vai associar o lançamento de propostas de governo a mobilizações temáticas. Antes mesmo de divulgar o documento batizado como "Os 13 compromissos de Dilma Rousseff com o Brasil", a petista anunciará o programa para a juventude. Será um ato no próximo dia 7, na favela Cidade de Deus, no Rio.

Pesquisas revelam que a ex-ministra precisa conquistar votos entre os jovens. Não é um contingente a se desprezar: a faixa que vai de 16 a 29 anos representa 52 milhões de eleitores.

MAIOR SÓCIO DA 'SUPERTELE NACIONAL' AGORA É PORTUGUÊS

PORTUGAL TELECOM SAI DA VIVO E VIRA A MAIOR ACIONISTA DA SUPERTELE NACIONAL

Renato Cruz - O Estado de S. Paulo

A Portugal Telecom anunciou dois grandes negócios no Brasil. A empresa está vendendo sua participação na Vivo para a Telefónica, por 7,5 bilhões, e comprando 22,4% da Oi, por até R$ 8,44 bilhões. A entrada da PT na Oi faz com que o maior acionista da "supertele nacional" passe a ser uma empresa estrangeira. O negócio saiu depois que o presidente Lula deu garantias ao governo português.

Empresa portuguesa pagará até R$ 8,4 bilhões por 22,4% da Oi e terá poder de veto sobre as decisões dos sócios nacionais

A Portugal Telecom (PT) anunciou ontem dois grandes negócios no Brasil. A empresa portuguesa está vendendo sua participação na Vivo para a Telefónica, por 7,5 bilhões, e comprando 22,4% da Oi, por até R$ 8,44 bilhões, um pouco menos da metade do que receberá dos espanhóis.

A entrada da PT na Oi faz com que o maior acionista da empresa apelidada de "supertele" nacional passe a ser uma empresa estrangeira. Os portugueses não serão meros investidores na Oi, tendo representantes no conselho, direito de indicar um diretor e, mais importante, poder de veto às decisões dos dois principais acionistas privados, a Andrade Gutierrez e a La Fonte, do empresário Carlos Jereissati.

"Conseguimos o que parecia impossível", disse Zeinal Bava, presidente da PT. "Anunciamos dois grandes negócios simultâneos e encontramos o equilíbrio certo para todas as partes."

A compra da participação da Oi está sendo feita numa operação complexa, que inclui compra de ações da Oi e de participação em empresas que pertencem à Andrade Gutierrez e à La Fonte.

A entrada da PT no bloco de controle da Oi ocorre menos de dois anos depois de o governo ter mudado a regulamentação do setor e concedido R$ 6,7 bilhões em créditos de bancos estatais para a compra da Brasil Telecom.

A ideia, divulgada na época para justificar o negócio, era a criação de uma "supertele" nacional, para fazer frente aos espanhóis da Telefónica e aos mexicanos da América Móvil, dona da Embratel e da Claro.

Desnacionalização. Contra a visão de que a Oi está sendo desnacionalizada, seus acionistas usam o argumento da internacionalização. O acordo prevê a compra de até 10% da PT, o que permitiria às empresas irem juntas a outros mercados, como o africano, onde a PT já possui operações.

Acontece que a compra dos 10% é uma opção que pode ou não ser exercida. Não existe prazo ou preço para que isso aconteça. Se comprar 10% da PT, a Oi se tornará a maior acionista individual da operadora portuguesa.

Os governos de Portugal e do Brasil exerceram papéis importantes na negociação. A maioria dos acionistas da PT tinha aprovado uma proposta anterior da Telefónica, de 7,15 bilhões, que acabou sendo vetada pelo primeiro-ministro José Sócrates usando as "golden shares" (ações com direitos especiais) do Estado português.

Depois disso, Sócrates discutiu o negócio da Oi com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para garantir que a empresa se mantivesse no Brasil, origem de mais da metade de seu faturamento. Lula negou as conversas e a desnacionalização da Oi, garantindo que, "enquanto for presidente", a operadora continua nacional. Lula deixa a Presidência em 1.º de janeiro de 2011.

Liderança

Com a compra do controle da Vivo, a Telefónica ultrapassa a Oi para se tornar o maior grupo de telecomunicações do Brasil

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Filiado ao PMDB, novo presidente dos Correios diz que indicação foi técnica

ANDREZA MATAIS
FILIPE COUTINHO na Folha.com

O novo presidente dos Correios, David José de Matos, foi convidado na semana passada pela ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, para o cargo e aceitou. Eles foram colegas na Eletronorte, onde Matos trabalhou por 26 anos.

O convite foi avalizado por Tadeu Filippelli, presidente do PMDB no Distrito Federal. Ele é filiado ao PMDB.

Matos disse que vai votar na candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, seguindo orientação partidária e que sua missão será tirar os Correios da crise

A seguir entrevista que ele concedeu em primeira mão à Folha após sair da academia de ginástica.

Como o senhor reagiu ao convite?
É uma missão, a maior que eu já recebi em toda a minha vida. Tenho que me debruçar nela da melhor forma possível. Nesta quinta-feira, vou conversar direitinho com a ministra da Casa Civil para ver como as coisas vão caminhar.

O senhor não tem experiência com o setor. Não é arriscado assumir a empresa em meio a uma crise?
Sou administrador público, tenho formação em engenharia e sou advogado. Trabalho há 36 anos na área pública. Minha missão nos Correios será como administrador público. É pegar essa experiência que adquiri e tentar seguir as orientações que viram do presidente e do ministro.

O senhor recebeu alguma recomendação? Está acompanhando as notícias sobre a crise na empresa?
Eu como cidadão acompanho as notícias, tenho pessoas conhecidas que trabalham nos Correios, na área técnica. Quero ouvir todos para traçar um plano de trabalho e poder fazer com que os Correios voltem a ser uma empresa de maior credibilidade, que passe por essa fase que passou para se chegar a um resultado. Acho que já melhorou, há dois meses estava numa fase pior. Ontem mesmo eu coloquei um Sedex às 20h30 e hoje às 9h27 tinha chegado ao destino.

A sua indicação partiu de quem? O senhor é filiado ao PMDB?
Sou filiado ao PMDB do Distrito Federal há uns dois ou três anos, mas minha indicação é técnica, devido a minha experiência no serviço público.

Quem fez essa ponte, quem convidou o senhor?
Tenho ligações com pessoas do Planalto, foi diretamente de lá. Sou amigo do Tadeu Filippelli (deputado federal do PMDB-DF) há 35 anos. É lógico que o fato de eu ter trabalhado com ele por muito tempo e ele ser muito respeitado lá dentro deve ter influído na escolha. Ele é um cara sério. É uma soma de coisas que pode ter acontecido porque se eu fosse amigo de um deputado enrolado não daria.

Quando o senhor foi convidado?
Há uma semana. Tive que primeiro pensar bastante sobre se eu poderia realmente ajudar, sobre minha competência, pesando os prós e os contras de uma pessoa que nunca militou nos Correios, mas que militou na área pública, sobre o que esperavam de mim. Minha mulher ameaçou sair de casa (risos). É minha companheira de 36 anos e já esteve comigo em situações mais adversas do que essa.

O fato de ter trabalhado com Roriz e Arruda, políticos envolvidos em escândalos de corrupção, lhe causa constrangimento?
Sou um técnico, já trabalhei com o Cristovam no governo do PT, com várias pessoas e meu posicionamento é puramente técnico, sou um profissional. Meu trabalho está a disposição de quem precisar dele. Fui criado de acordo com meus valores. Trabalhei com maus chefes, bons chefes.

O senhor é eleitor da Dilma Rousseff?
Não tenha dúvidas.