domingo, 3 de janeiro de 2010

O ano-novo chinês



Por Paul Krugman
Do The New York Times
No Terra Magazine

Este é o período em que os comentaristas da mídia tradicionalmente fazem suas previsões sobre o ano que começa. As minhas referem-se à economia internacional. Eu projeto que 2010 será o ano da China.

E não no bom sentido.

Na verdade, os maiores problemas com a China envolvem as mudanças climáticas. Hoje, porém, quero enfocar a política monetária.

A China tornou-se uma importante potência financeira e comercial. Mas não age como outras grandes economias. Em vez disso, segue uma política mercantilista, mantendo seu superávit comercial artificialmente alto. E, no mundo economicamente deprimido de hoje, essa política, falando de uma forma direta, é predatória.

Eis como funciona: ao contrário do dólar, do euro ou do iene, cujos valores flutuam livremente, a moeda da China é fixada pela política oficial em torno de 6,8 yuans por dólar. Com essa taxa de câmbio, a indústria manufatureira chinesa tem uma grande vantagem de custo em relação a seus rivais, o que leva a enormes superávits.

Em circunstâncias normais, o fluxo de dólares resultante desses superávits faria a moeda chinesa se valorizar, a menos que isso fosse compensado pelo movimento de investidores privados no sentido contrário. E os investidores privados estão tentando entrar na China, não sair. Porém, o governo da China restringe o ingresso de capitais, mesmo que compre dólares e os mantenha no Exterior, aumentando um estoque de reservas em moeda estrangeira que já supera US$ 2 trilhões.

Essa política é boa para o complexo industrial estatal chinês, orientado para a exportação, mas não tão boa para os consumidores chineses. E quanto a nós?

No passado, o acúmulo de reservas estrangeiras da China, muitas das quais foram investidas em títulos dos Estados Unidos, em tese, fazia-nos um favor ao manter as taxas de juros baixas - embora tenhamos aproveitado aquelas taxas baixas para, principalmente, inflar uma bolha imobiliária. Porém, agora o mundo está nadando em dinheiro barato à procura de um algum lugar para investimento. As taxas de juro de curto prazo estão próximo de zero; as taxas de juro de longo prazo estão mais altas, mas apenas porque os investidores esperam que a política de juro zero vá acabar algum dia. As aquisições de títulos por parte da China fazem pouca ou nenhuma diferença.Leia na ÍNTEGRA http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4183547-EI12928,00-O+anonovo+chines.html

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