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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Políticos em cana - por Hélio Schwartsman



Na folha de São Paulo 18/02/2010

Muitos leitores me escreveram para cobrar um comentário sobre a prisão do excelentíssimo senhor governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. É claro que eu fico feliz com o fato de um caso tão bem documentado de corrupção e as subsequentes tentativas de acobertar a história ter provocado a consequência penal prevista, que é a prisão preventiva. Mas acho precipitado decretar que o Brasil mudou.

Para não ser inteiramente desmancha-prazeres eu até admito que ele esteja mudando, mas esse é um processo lento, que ainda exigirá não apenas a prisão como também a condenação de muitos Arrudas antes de podermos afirmar que nosso país atingiu o patamar das nações civilizadas no quesito corrupção.

Falo com um amargo conhecimento de causa, pois eu próprio, depois do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992, fui um dos que se apressaram a sentenciar que dali em diante nada mais seria como antes no Brasil. Apenas para me desmentir, logo sucederam-se os Anões do Orçamento com o impagável João Alves, o deputado que era tão amigo de Deus que ganhou mais de 200 vezes na loteria, os vampiros e os sanguessugas do Congresso, o mensalão do PT, as avacalhações de Renan Calheiros, os desmandos de Severino Cavalcanti, as estrepolias do clã Sarney etc., etc.

Não podemos, evidentemente, esquecer os antecedentes do próprio Arruda, que, em 2001, em companhia de Antônio Carlos Magalhães, já se metera no escândalo da violação do painel eletrônico do Senado. Na ocasião, o então líder tucano subiu à tribuna para, num discurso incisivo, negar todas as acusações e proclamar a mais absoluta inocência. Poucos dias depois, desmentido por fatos que nenhum panetone podia esconder, Arruda voltou ao púlpito de onde, desfazendo-se em lágrimas, asseverou: "Não matei, não roubei, não desviei recursos públicos". Espertamente, renunciou a seu mandato de senador para não ser cassado. Deu um tempinho. Trocou o PSDB pelo DEM e fez-se deputado federal e, depois, governador do DF.

Numa coluna ==>> Leia na Íntegra na Folha de São Paulo

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