Parcela de R$ 3,3 milhões foi creditada no mesmo dia em que o PSB anunciou apoio à candidatura de Dilma
Emenda do deputado já recebeu mais recursos que todas as propostas dos congressistas do PP no ano -R$ 5,1 milhões
MATHEUS LEITÃO
LUCAS FERRAZ
na Folha de São Paulo
Uma emenda do deputado federal Ciro Gomes (PSB) -preterido na disputa presidencial após acordo de seu partido com Lula- obteve, até 21 de maio, a liberação de R$ 6,6 milhões em recursos.
O valor é o mais alto pago individualmente a um congressista no ano e sua autorização ocorreu no mesmo dia em que o PSB confirmou seu apoio a Dilma Rousseff (PT).
O irmão do deputado, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), disse então que Ciro deveria seguir a orientação do PSB e ir de Dilma.
O valor total da emenda (a única proposta por Ciro em 2009) é de R$ 10 milhões. Uma parte (R$ 3,3 milhões) foi paga em 2009 em duas parcelas iguais, de quase R$ 1,7 milhão cada uma. A outra, paga em 21 de maio, foi creditada no Orçamento deste ano como restos a pagar.
Os R$ 10 milhões da emenda de Ciro foram liberados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, cujo ministro, Sérgio Rezende, é do PSB.
O recurso foi destinado à Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, controlada pelo governo do Ceará, e será utilizado para o "sistema de radares para monitoramento da precipitação no Estado do Ceará".
Ciro recebeu neste ano, com os restos a pagar, mais que todos os congressistas do PP (R$ 5,1 milhões) e todos os eleitos pela Bahia (R$ 3,8 milhões). No ranking individual, o segundo na lista é o deputado federal petista Fernando Melo (AC), com R$ 3,9 milhões pagos neste ano.
Nos últimos dois anos, Ciro só apresentou duas emendas, ambas para o Ceará, Estado que o elegeu deputado.
A cada ano, congressistas podem propor até 25 emendas. Neste ano, o teto das emendas subiu de R$ 10 milhões para R$ 12,5 milhões, e Ciro fez uma proposta no valor limite para a estruturação do Hospital Regional do Norte, do Ceará. Até agora o valor ainda não foi repassado.
Em abril, Ciro não apareceu na Câmara. Desde o final daquele mês, quando foi alijado da disputa à Presidência, ele saiu da cena política.
Na ocasião, Ciro disse em entrevista que "Lula está navegando na maionese" se "acha que vai batizar Dilma presidente", e foi para os EUA, onde estava até ontem.
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