terça-feira, 3 de agosto de 2010

Jobim prepara anúncio do Rafale

Viviane Vaz
no Correio Braziliense

Ministro deve confirmar nos próximos dias que avião francês foi recomendado a Lula.

Desde 15 de julho — um dia depois da festa nacional da Queda da Bastilha —, os franceses comemoram antecipadamente a compra de 36 caças Rafale para a Força Aérea Brasileira (FAB), supostamente ratificada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Ministério da Defesa informou à reportagem que a exposição de motivos técnicos e políticos pelo ministro Nelson Jobim deve sair nos próximos dias. O relatório, segundo adiantado no fim de junho pelo Correio e pelo site Inforel (especializado em notícias internacionais), resume em 40 páginas as mais de 20 mil geradas em documentos dos comandos da FAB e da Marinha sobre a compra dos caças. Com o Rafale, a francesa Dassault lideraria a preferência sobre o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing, e o Gripen NG, da sueca Saab, depois de uma alteração com base na nova Estratégia Nacional de Defesa (END), que mudou os pesos da avaliação e deu mais valor à transferência de tecnologia, reduzindo a importância dos custos de aquisição e manutenção da aeronave. Também há rumores de que Lula já estaria estudando o relatório desde maio e junho.


“Espero tranquila e serenamente, o anúncio ou a declaração do presidente Lula prevista para o mês de julho”, declarou o ministro francês da Defesa, Hervé Morin, ao canal de TV LCI, em meados do mês passado. “O Brasil é um sócio estratégico maior e decidiu refazer seu Exército com a indústria francesa”, anunciou ainda o ministro.

Luis Alexandre Fuccille, pesquisador da Facamp, pesquisador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, considera que a confirmação do Rafale seria uma boa decisão. “Esse projeto vem sendo postergado há muito tempo, desde o governo do presidente Fernando Henrique, que acabou deixando para Lula, e estamos no fim do governo Lula sem nenhuma decisão tomada sobre um projeto que é ‘para ontem’ — importantíssimo para a defesa da nossa independência e soberania nacional e, sobretudo, para esse maior protagonismo que o Brasil busca na cena internacional”, analisa Luis Alexandre. “Meu único senão seria talvez com relação à conveniência de uma decisão tão importante faltando menos de seis meses para o fim do mandato”, aponta o pesquisador, pois “a conta e as implicações” ficarão para o governo seguinte. “Teria sido desejável que tivesse sido antes.”

Enquanto os franceses comemoram a decisão do governo brasileiro pelo Rafale e sua parceria estratégica, os suecos comemoram este mês um ano de trabalho com a indústria brasileira. “Estamos há um ano projetando com empresas brasileiras a fusilagem intermediária, traseira, parte de asas e portas do trem de pouso para o Grippen Mundial”, disse à reportagem Bengt Janer, da assessoria da Saab.

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