quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A profana ceia governista



O PT e os partidos governistas estão oferecendo ao eleitor uma bela demonstração de como agirão caso saiam consagrados das urnas em outubro. Faltando mais de um mês para as eleições, deram início a um deplorável espetáculo de assalto ao Estado. Propostas para o país nenhum deles tem a oferecer, interessados que estão em apenas tomar sua parte na divisão do butim.

A senha para a disparada foi dada alguns dias atrás pelo partido que tende a manter-se como o de maior peso parlamentar no próximo governo. Michel Temer, candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, avisou a seus correligionários que o PMDB já se prepara para fazer a "partilha" da futura administração. No seu rastro, vieram todas as siglas abrigadas no condomínio montado por Lula, aos berros de "me dá, me dá, que eu vi primeiro".

É só olhar à volta da candidata oficial para ver ao lado dela o que de pior grassa nos partidos. Todos ressuscitadinhos da silva por Lula, estão lá Collor de Mello, Renan Calheiros, José Sarney, Newton Cardoso, José Dirceu, Delúbio Soares, o anão do Orçamento Genebaldo Correia etc etc etc. A lista é extensa o suficiente para compor uma quadrilha de 40, como a do mensalão.

Com esta turma, estão de volta ao léxico vocábulos que gostaríamos de ver apenas em dicionários não atualizados para os padrões agora adotados nos países de língua portuguesa. Nos jornais, para quem quiser ler ou ouvir, os aliados de Dilma falam abertamente em "partilha do pão", em "carguinhos" e em "valer quanto pesa" nas negociatas pela repartição do poder. Triste show desta pequena loja de horrores.

"A Brasília dos últimos anos firmou-se como templo de um sistema administrativo que gira em torno de privilégios, verbas e empregos. (...) No Brasil, aliança política tornou-se sinônimo de coligação partidária com fins lucrativos", resume Josias de Souza na edição de hoje da Folha de S. Paulo. Audrey, a planta carnívora petista, está prontinha para engolir o que vier pela frente.

Como se não bastasse, Lula e o marketing político do PT cuidam de transformar o debate político em algo primário, infantil, pré-escolar, reduzindo os cidadãos a "filhos" de um líder ungido por Deus. Diz o principal jingle de campanha de Dilma: "Deixo em tuas mãos o meu povo e tudo o que mais amei/Mas só deixo porque sei que vais continuar o que fiz/Agora as mãos de uma mulher vão nos conduzir/Eu sigo com saudade, mas feliz a sorrir/Pois sei: meu povo ganhou uma mãe". Estamos esperando o Messias? Somos órfãos em busca de adoção?

Pouco se sabe sobre a candidata do PT. Mas muito se revela sobre ela a partir de suas péssimas companhias ou a partir do molde abestalhado em que tenta encaixar o eleitorado brasileiro. Na sua gagueira onipresente, na profana evocação de poderes divinos, na transformação do país numa imensa creche, Dilma Rousseff nos apresenta seu gugu-dadá retrocessivo.

Tem sorte o eleitor de estar podendo assistir tudo isso se desenrolar a ainda 40 dias da votação. Os governistas nos oferecem de graça e sob a luz do dia uma amostra do que irá se desenrolar, cotado em bilhões, nos recônditos mal iluminados do poder, caso a candidata do PT saia-se vencedora da eleição. É mais um motivo para colocar toda esta turma para entoar suas cantigas de ninar em outra freguesia.


Fonte: Instituto Teôtonio Vilela

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