sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Rupert Murdoch vê o futuro do jornalismo no iPad

Dono do 'Wall Street Journal' afirma que, com dispositivo fabricado pela Apple, jovens voltarão a ler jornais

Andrew Clark / The Guardian - O Estado de S.Paulo

O iPad, da Apple, veio para mudar o jogo da mídia de notícias e terá centenas de milhões de unidades vendidas em todo o mundo. A afirmação é do bilionário australiano Rupert Murdoch.

No momento em que o crescimento global dos negócios na área de publicidade e as bilheterias do filme Avatar contribuem para o seu império News Corporation colher lucros de US$ 2,5 bilhões em um exercício fiscal, Murdoch prevê que a conveniência da plataforma do iPad poderá revigorar o jornalismo: "Agora os jovens lerão jornais."

Murdoch - cujos negócios vão dos jornais Times, Sun e Wall Street Journal à emissora de TV Fox e ao estúdio 20th Century Fox de Hollywood - acredita que o iPad é o aparelho ideal para estimular os consumidores a pagar pelo jornalismo digital. "São inúmeras as possibilidades que esses aparelhos oferecem. À medida que forem evoluindo tecnologicamente, teremos de desenvolver nossos métodos de apresentação da notícia."

Os lucros da News Corp. no exercício fiscal até junho assinalaram uma recuperação em comparação aos prejuízos de US$ 3,4 bilhões do ano passado, quando a companhia foi afetada por enormes depreciações do valor de empresas como a Dow Jones, editora do WSJ.

O grande motor desse revigorado desempenho foi o sucesso estrondoso do filme futurista de James Cameron, Avatar, em 3D, que contribuiu para a 20th Century Fox apresentar um aumento de 59% no lucro operacional, para US$ 1,35 bilhão. Além disso, a rede de TV Fox colheu nos EUA os frutos de sucessos como as séries Glee e Modern Family, enquanto a divisão editorial HarperCollins se beneficiou das vendas do livro de memórias políticas de Sarah Palin, Going Rogue.

Os jornais de Murdoch também registraram um ano melhor com um aumento de 13% dos lucros, que subiram para US$ 530 milhões. Na Grã-Bretanha, os jornais do grupo foram beneficiados por uma redução dos custos do papel jornal e por um aumento da receita de publicidade.

Apesar dos bons números, Murdoch é cauteloso. "Ainda há muita fragilidade no nosso caso, e portanto não podemos pecar pelo excesso de confiança no longo prazo, ou no médio prazo."

O aspecto mais fraco das finanças da News Corp. é sua divisão de mídia digital. Murdoch diz confiar em uma nova equipe de executivos encarregada de mudar a direção do MySpace, cuja popularidade foi eclipsada pelo Facebook.

Ele afirma que a News Corp. continuará tentando recuperá-lo: "Ainda vai levar algum tempo", admite./ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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