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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eleitor não perdoa traição e desconfia da conversão de Osmar ao PT


Fábio Campana

Só 45% dos eleitores de Dilma Rousseff no Paraná votam em Osmar Dias, candidato do PDT ao governo apoiado pelo PT. Outros 42% dos eleitores da petista votam em Beto Richa, que apóia José Serra. Esses dados constam do detalhamento da última pesquisa Datafolha sobre a eleição no Paraná (aquela que dá o tucano na frente com 47% das intenções de voto contra 34% do pedetista). Esses dados não indicam que o eleitor não sabe que o candidato apoiado por Dilma e Lula no Paraná é Osmar Dias. Sua tradução correta é que uma parte do eleitorado de Dilma não aceita a ligação de Osmar com o PT e outra parte não acredita nela.

O eleitorado tem bons motivos para rejeitar a ligação de Osmar com o PT ou para desconfiar da conversão do senador ao petismo. Até pouco tempo ele era um duro crítico dos programas sociais de Lula que agora diz adorar e sua nova proximidade com o PT ( Osmar assinou, em 2009, pedido de CPI para investigar o financiamento ilegal do MST pelo governo petista ), é vista com muita suspeita. Osmar Dias afrontou os valores do eleitor ao romper com seus aliados de uma vida inteira e ofendeu os produtores rurais que tornaram viável sua carreira política ao se ligar aos financiadores do MST. O eleitor não perdoa a deslealdade.

Pior ainda é a união de Osmar com Roberto Requião que o derrotou em 2006 insinuando que ele era desonesto. Dos eleitores do PMDB, 47% votam em Beto e 41% em Osmar. Cada vez que Osmar aparece em público com Requião ou sai em defesa do governo do ex-inimigo seu eleitor de 2006 se sente agredido. A aliança de Osmar com o PT e com Requião o deixou no pior dos mundos. Nessa eleição o senador passou a ser visto como um oportunista sem escrúpulos, capaz de qualquer coisa pelo poder. Não ganha votos de eleitores de seus novos parceiros e arrisca perder os dos antigos.

A rejeição total do eleitor a deslealdade política foi comprovada por pesquisas qualitativas sobre o eleitorado do candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB (que tem 54% das intenções de voto, contra 20% de Aluízio Mercadante, do PT). Pesquisas do PSDB descobriram que os eleitores de Dilma que votam em Alckmin (39% desses eleitores votam no tucano e 39% em Mercadante) ficariam revoltados e poderiam mudar o voto se ele abandonasse José Serra por oportunismo. O eleitor paulista identifica Alckmin e Serra como aliados e membros do mesmo grupo político. Esses eleitores esperam que Alckmin continue defendendo Serra ainda que ele esteja perdendo. Abandonar o barco (como fez Osmar) seria uma traição imperdoável. Se Alckmin aderisse a Dilma, simplesmente perderia a eleição. Aqui, Osmar não consegue entender porque não cresce nas pesquisas. A resposta é simples. O senador pedetista apostou contra a capacidade de análise do eleitor e perdeu.

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