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ELIANE CANTANHÊDE
O chanceler Antonio Patriota foi um dos articuladores da abstenção dos Bric na votação da resolução do Conselho de Segurança da ONU que permitiu o ataque à Líbia e já está em ação para o pós-intervenção, tentando ampliar o grupo que não quer deixar os países mais ricos tomando todas as decisões.
Ele telefonou ontem para o seu homólogo da Turquia, Ahmet Davutoglu, para não apenas repetir a "dobradinha" para mediar o fracassado acordo nuclear do Irã como incluir o país entre os que veem com reservas uma nova guerra, caso dos Bric.
Ontem à noite, no entanto, comunicado da Chancelaria turca indicava que o país estava fazendo as "preparações e os estudos necessários" para dar uma "contribuição apropriada" à implementação da zona de exclusão aérea líbia.
Fazem parte dos Bric o Brasil, a Rússia, a Índia e a China. Além deles, a Alemanha -que pleiteia uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU- também votou pela abstenção na última quinta-feira.
Conforme tem relatado Patriota nos bastidores, a proposta que agradava os Bric em geral, e o Brasil em particular, era a russa.
O texto insistia no caminho diplomático e na negociação com o regime do ditador Muammar Gaddafi e era mais restritivo para a operação de guerra deflagrada ontem, em plena visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil.
Membros do governo russo repudiaram ontem o início da intervenção.
"Se o objetivo era proteger os civis, então o momento era de parar e observar quão sério era o cessar-fogo [de Gaddafi]", disse o líder da comissão de Assuntos Exteriores da Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, Konstantin Kosachov. "Se não, o objetivo não é proteger os civis e sim derrubar o regime."
na Folha de São Paulo
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