segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Força Nacional é enviada ao sul da Bahia para conter conflito entre índios e produtores


da Agência Brasil
Brasília – A pedido do governador da Bahia, Jaques Wagner, integrantes da Força Nacional estão sendo enviados para Buerarema (BA), cidade de cerca de 18 mil habitantes, a 237 quilômetros de Salvador, onde índios tupinambás ocuparam 35 fazendas desde o início do mês. Os primeiros policiais da tropa federal chegaram ontem (18) à cidade.
Inicialmente, os integrantes da Força Nacional vão permanecer em Buerarema até 27 de agosto, com o objetivo de garantir a segurança local e prevenir o agravamento dos conflitos entre índios e produtores rurais. O prazo, no entanto, pode ser prorrogado. A Força Nacional já atuou no município entre abril de 2012 e maio de 2013.
A ocupação de fazendas foi a forma que os índios encontraram para pressionar o governo federal a acelerar a conclusão da demarcação de uma reserva indígena de 47 mil hectares. Um hectare corresponde a 10 mil metros quadrados, o equivalente a um campo de futebol oficial. A área abrange parte dos municípios de Buerarema, Ilhéus e Una.
Embora já viessem ocorrendo desde o início do ano, as ocupações indígenas se intensificaram ao longo das últimas semanas, provocando a reação não só dos donos das fazendas ocupadas, mas de outros segmentos que se sentem afetados pela reivindicação dos índios.
Na última semana, produtores rurais fizeram protesto pela desocupação das propriedades invadidas. Ao bloquearem a rodovia federal BR-101 por cerca de dez horas, a manifestação fugiu ao controle. Equipamentos públicos e ao menos uma agência bancária foram depredados. Veículos oficiais foram incendiados – entre eles um carro que transportava quatro índios, sendo duas crianças, de Itabuna para Pau Brasil.
No mesmo dia, o governador baiano pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a presença da Força Nacional e reforço de efetivo da Polícia Federal. Segundo o governo da Bahia, com o acirramento dos ânimos e o crescente risco de novos confrontos, Jaques Wagner avaliou que o reforço federal seria necessário, já que as policias estaduais não têm autoridade legal para atuar em conflitos indígenas. Mesmo com a chegada das tropas federais, o efetivo da Polícia Militar foi reforçado.
De acordo com o jornalista Davidson Samuel, que mora em Itabuna, polo regional situado a 16 quilômetros de Buerarema, e trabalha em toda a região, as autoridades precisam agir com urgência a fim de tentar pacificar os ânimos e evitar uma tragédia iminente.
“O clima aqui é de muita tensão. Acredito que, se os governos não encontrarem uma forma de atender ao que os índios e o que os produtores pedem, isso pode acabar em morte. A manifestação da sexta-feira foi muito violenta e, de sexta para sábado, um ônibus que ia de Guararema [outro município baiano] para Buerarema foi incendiado”, contou o jornalista.
Líder do governo na Câmara Municipal, o vereador Elio Almeida (PDT) também não acredita que a mera presença da Força Nacional seja capaz de conter o conflito. Para ele, outras medidas têm que ser implementadas rapidamente.
“A meu ver, os protestos não vão parar se os índios não deixarem as fazendas ocupadas. E se o governo decidir criar a área indígena, vai ter que indenizar os produtores que têm títulos de propriedade regularizados - a exemplo do que está discutindo em Mato Grosso do Sul”, comentou Almeida. Ele disse que as providências têm que ser urgentes. “A solução, seja lá qual for, tem que ser para ontem, porque a população está revoltada. As fazendas ocupadas pertencem a pequenos produtores, que não têm outra opção a não ser lutar pelo que é deles”.
O vereador alegou que os índios não são da localidade. “Até há pouco tempo, não havia índios em Buerarema. Eles foram trazidos de outros locais próximos, como Ilhéus, nos últimos anos. E vêm sendo atendidos em tudo. Tudo o que os líderes do grupo pedem, o governo estadual atende, senão eles se reúnem e ocupam uma área qualquer”, acrescentou.
Agência Brasil ainda não conseguiu conversar com o líder do grupo indígena, Babau Tupinambá, e nem com o coordenador técnico local da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Ilhéus.

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