terça-feira, 27 de julho de 2010

Marina é contra extradição de Battisti

Por Ana Paula Grabois no Valor Econômico

A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, defendeu ontem a permanência do ex-ativista italiano Cesare Battisti no Brasil. Em entrevista ao portal Terra, na internet, Marina disse já ser uma tradição brasileira receber exilados políticos. "O Brasil tem uma tradição de dar abrigo e já deu inclusive a ditadores. Por que seria diferente em relação ao Battisti? O Brasil deve manter a tradição, o seu princípio de acabar acolhendo as pessoas que pedem para ficar no país", afirmou.

A extradição de Battisti foi aprovada em novembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e a decisão final, de entregá-lo ou não à Itália, é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora disse considerar a questão "muito delicada" e não concordar com a tese da defesa de Battisti de que ele teria a vida ameaçada se fosse extraditado. Condenado à prisão por quatro assassinatos na década de 70, Battisti está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Ao ser questionada sobre a extradição de atletas cubanos pelo Brasil, a candidata do PV se posicionou contra. "Se o princípio é dar apoio e suporte, mantêm-se os princípios. O bom de orientar a sua atitude por principio é que as pessoas conhecem por onde você vai", disse.

A candidata do PV disse ter posição de solidariedade em relação a Cuba. "Não faço a crítica feita pela direita, que Cuba deve ser desconstruída, varrida. Não, ali tinha uma ditadura que as pessoas esquecem, a opressão total, a corrupção na ditadura de Fulgêncio Batista. E Cuba fez a revolução com ganhos para a sociedade cubana", disse.

O problema em Cuba, segundo a candidata, é "a questão da democracia". Para Marina, o Brasil não deveria "ficar o tempo todo relevando esse aspecto", embora acredite ser difícil tratar do tema respeitando o princípio da não ingerência sobre os outros países.

Para a candidata do PV, o bloqueio econômico a Cuba imposto pelos Estados Unidos é "inaceitável". Seu fim, disse a candidata do PV, é uma maneira de "completar a revolução" e estabelecer a democracia. "Ao mesmo tempo que faço a crítica em relação aos presos políticos, faço a crítica aos Estados Unidos", afirmou Marina.

Ainda na área da política externa brasileira, a candidata do PV alfinetou a gestão do presidente Lula ao questionar o papel do país como mediador de conflitos entre Colômbia e Venezuela. Segundo Marina, o Brasil precisa "recuperar a credibilidade política" como mediador. "Talvez a Colômbia tenha uma certa insegurança em relação ao Brasil porque o país tem uma atitude de alinhamento com a Venezuela", afirmou.

Para Marina, tal posicionamento brasileiro causa entre os colombianos uma percepção de que o Brasil não está "tão credenciado com atitude suficientemente neutra" para mediar conflitos. Em relação aos seus principais concorrentes, o ex-governador José Serra (PSDB) e a ex-ministra Dilma Rousseff (PT), disse que os dois são muito parecidos. "Têm perfil gerencial, são crescimentistas, são desenvolvimentas. Tem essa coisa que é muito deles, do estilo: "eu, eu, eu, eu"", disse Marina.

A candidata à Presidência pelo PV evitou comentar a quem ofereceria apoio em caso de um eventual segundo turno, se ela ficar de fora da disputa. A entrevista ao portal ocorreu em substituição ao primeiro debate previsto

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