DA EFE na Folha.com
O governo uruguaio convocou nesta sexta-feira (4) seu embaixador na França e pediu explicações ao representante francês em Montevidéu, demonstrando indignação com o presidente Nicolas Sarkozy, que qualificou o Uruguai como paraíso fiscal e afirmou que o país "será afastado da comunidade internacional".
Segundo informou o site do jornal "El País", o presidente do Uruguai, José Mujica, classificou de "barbaridade" as palavras de Sarkozy na Cúpula G20 em Cannes, e anunciou que apresentará um protesto ao embaixador Jean Christophe Potton, que foi convocado em caráter urgente à Chancelaria uruguaia.
As reações de condenação pelas declarações de Sarkozy foram unânimes em todo o espectro político uruguaio.
Entre os mais indignados estava o vice-presidente Danilo Astori, que considerou "irresponsáveis" as palavras do líder francês e o acusou de ter "um tom ameaçador e de represália que denota uma inclinação bastante colonial e imperial" que o Uruguai não aceita "de nenhuma maneira".
"O Uruguai nunca foi paraíso fiscal, o senhor presidente da França não esta informado de nossa situação, temos um imposto de renda para não residentes e isso basta para não ser qualificado como tal. Além disso, o Uruguai sempre seguiu o caminho da transparência", frisou Astori.
Outro que também expressou sua rejeição foi o ministro da Economia, Fernando Lorenzo, que disse se sentir "surpreendido" e lembrou a Sarkozy que Uruguai e França têm um convênio de cooperação tributária assinado em 2009.
Sarkozy mencionou Uruguai e Panamá entre os países que o G20 identificou como aqueles que ainda não estabeleceram um marco legal para combater a evasão fiscal.
"Não estamos dispostos a tolerar isso", declarou o presidente francês, antes de destacar que "os países que seguem sendo paraísos fiscais mediante a falta de transparência bancária serão postos à margem da comunidade internacional".
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