segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Diretor do BC reforça que há espaço para queda dos juros


Para Luiz Awazu, há espaço para redução na Selic sem comprometer o trabalho de colocar a inflação na meta



RENATO ANDRADE / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Um dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deu mais um sinal claro de que a taxa básica de juros, a Selic, vai continuar sendo reduzida ao longo dos próximos meses. Durante evento no sábado em Comandatuba (BA), o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou que há espaço para "afrouxamento monetário" no País, sem que isso comprometa o trabalho de trazer a inflação de volta para o centro da meta ainda em 2012.
"Há espaço para uma política de afrouxamento monetário no Brasil, com elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa de juros se deslocando para patamares de um dígito, sem comprometer o nosso objetivo de trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012", afirmou o diretor durante discurso na quinta edição do encontro nacional da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), que aconteceu na ilha baiana. O discurso de Awazu está disponível no site do Banco Central.
A ata da primeira reunião do Copom deste ano deixou claro que o BC trabalha com a perspectiva de trazer a Selic para o patamar de um dígito em breve. No documento, divulgado no dia 25 de janeiro, os diretores do BC atribuíram "elevada probabilidade" de concretização de um cenário que contempla a taxa Selic abaixo de 10%. A posição expressa por Awazu é mais explícita em relação aos cortes da Selic.
Na reunião de janeiro, os diretores do BC aprovaram o quarto corte seguido da taxa básica de juros, que atualmente está em 10,50% ao ano. O próximo encontro do comitê acontecerá nos dias 6 e 7 de março.
Depois que o BC divulgou a ata, analistas do mercado financeiro refizeram suas contas e anteciparam a data em que a Selic atingirá o patamar de 9,50%. Para alguns analistas, isso acontecerá em maio. Há uma corrente, entretanto, que aposta que esse nível será alcançado em abril.
Awazu também enfatizou a importância do rigor fiscal durante seu discurso. "Neste momento, a atenção à solidez fiscal deve ser redobrada. Essa questão não está mais circunscrita à Europa, passando a ser ponto de monitoramento constante dos agentes de mercado em outras economias relevantes."
O governo brasileiro tem insistido que vai cumprir este ano a meta fiscal sem fazer nenhum tipo de abatimento de despesas. Na avaliação do diretor do BC, a situação fiscal brasileira, no atual contexto internacional, "pode ser considerada um dos principais ativos que a nossa economia possui". Para ele, apesar das "consequências negativas" da instabilidade financeira da Europa, o Brasil está "bem posicionado" na atual conjuntura internacional "complexa".

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