terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

E o PT privatizou



O Estado de S.Paulo
Análise: João Bosco Rabello
O leilão dos aeroportos de Brasília, Campinas e Guarulhos, além do que pode representar de avanço na anacrônica infraestrutura nacional, trai o discurso antiprivatização do PT como mera peça estratégica de campanha eleitoral. Vendendo privatização como desnacionalização, o partido ganhou duas eleições - a de Lula, em 2006, e a de Dilma, em 2010.
Foi acusando o adversário Geraldo Alckmin de "privatista", continuador da era Fernando Henrique Cardoso, que Lula conseguiu a reeleição no segundo turno. Com José Serra, a então candidata Dilma Rousseff reproduziu a estratégia e deu certo.
Nas duas vezes, o PSDB aceitou a intimidação, rejeitou a própria obra, escondeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso das campanhas e padece até hoje para fazer oposição.
Recentemente traduzida em livro por "privataria", a privatização faz parte desde ontem do dicionário e do governo do PT com sua tradução correta: a gestão de serviços públicos por setores privados, forma agora reconhecida pelo governo petista de dar eficiência ao Estado.
Foi o que deixou claro ontem a presidente Dilma logo após o leilão: "Agora esperamos uma administração eficiente dos aeroportos".
Ainda há reação de setores fundamentalistas do partido - aqueles que Lula sugeriu que não se leve a sério, mas nada que possa comprometer o processo.
Não se vendeu o Brasil, a Infraero manteve seus 49% e o governo fez um caixa de R$ 24,5 bilhões para tocar as obras.
E o PT rasgou a fantasia e privatizou.

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