segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A melhor solução


no Pitacos: politica em foco

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Custou, mas Serra tomou uma atitude duplamente acertada. Assumiu formalmente sua candidatura e decidiu participar das prévias tucanas.
Cai por terra o discurso de que a candidatura do ex-governador seria produto de sua vontade imperial ou de um “dedazo” do governador.
É claro que petistas já estavam com a língua afiada, para dizer que Serra atropelou as bases, que é um baita cupulista e que sua candidatura foi imposta de cima para baixo. Perderam o discurso. Sem nenhum tom pejorativo, foi um golpe de mestre. O PSDB vai disputar a prefeitura com o que tem de melhor, mas respeitando as prévias, que vem oxigenando a vida partidária. Se elas serão realizadas na data prevista, ou uma ou duas semanas depois, é uma questão secundária.
Dois pré-candidatos renunciaram e passaram a apoiar Serra, Andrea Matarazzo e Bruno Covas. Restam José Aníbal e Ricardo Trípoli, que querem ir à disputa dos votos dos filiados, o que é legítimo. Embora ninguém possa afirmar com 100% de certeza, a probabilidade de Serra vencer as prévias é elevadíssima. É com ela que trabalhamos.
Kassab e Alckmin
Kassab externou seu apoio entusiasta a Serra. Geraldo Alckmin arregaçou as mangas e partiu para trabalhar pela candidatura que vinha defendendo há meses.
Sem a candidatura de Serra, Haddad nadaria de braçada. Enfrentaria uma candidatura tucana – qualquer que fosse o resultado das prévias – de baixa densidade eleitoral. Atrairia o apoio do PSD, que iria de armas e bagagens para a base aliada de Dilma. E conseguiria formar uma ampla coligação. Muito dificilmente os tucanos iriam para um segundo turno, se houvesse. Sua existência passaria a depender do crescimento da candidatura de Chalita, do PMDB.
A entrada de Serra em campo literalmente bagunçou o coreto.
Como vinha anunciando anteriormente e de forma bastante aberta, Kassab deixou de lado as articulações com o PT e abraçou com entusiasmo a candidatura de Serra. Antecipou-se ao tiroteio que o outro lado pode deflagrar, ao declarar que “Serra abriu mão do projeto presidencial“. O prefeito ofereceu assim o mote que pode dar ao eleitorado a garantia de que eleito, José Serra ficará os quatro anos na prefeitura. É possível que mais à frente o próprio Serra faça um gesto mais concreto nesta direção.
Geraldo Alckmin vê na candidatura Serra o caminho para assegurar a manutenção do campo histórico que o levou de volta ao governo de São Paulo, em 2010. Vê-se mais forte para a disputa da reeleição em 2014.
Confusão no outro lado
Ruiu o castelo de cartas que se armava no território petista.
As articulações em torno de Haddad refluíram. Eduardo Campos mandou o PSB ficar em compasso de espera e verificar para onde vai Kassab. O PDT de Paulinho foi mais longe. Começou a dizer que poderia até desistir de candidatura própria para apoiar Serra! O “salve-se quem puder” mudou de lado.
As hostes petistas estão tensionadas por dois grupos.
O “lado político” – o que defende a ampliação da candidatura de Haddad, está à cata de uma alternativa para se aproximar do eleitorado tradicionalmente refratário ao PT. Antes eles apostavam na aliança com Kassab, para conquistar esta ponte. Imediatamente órfãos, têm de refazer a arquitetura eleitoral.
Já o “lado ideológico” parte para o “nós, contra eles”. Acreditam que o PT sairá vitorioso se eleger a administração Kassab como principal alvo, comparando-a com a gestão Marta Suplicy. Quer brincar de avestruz e finge que não estava doida pelo apoio do Prefeito há pouco mais de uma semana! E como descer o sarrafo no PSD da capital, se bem pertinho – Guarulhos, Osasco e São Bernardo, o PT vai de aliança com o PSD de Kassab? A reação de Haddad foi a de quem ficou apalermado com o apoio do prefeito e se viu obrigado a dizer uma besteira: “foi a volta dos que nunca foram.” Some-se o fato de que essa estratégia, “nós, contra eles”, foi derrotada duas vezes, em 2004 e em 2008, justamente pela aliança entre Serra e Kassab.
Chances de vitória
O jogo embolou. É previsível que o tempo televisivo dos dois principais candidatos seja praticamente idêntico. O sonho de consumo de Haddad volta a ser convencer o PMDB a desistir da candidatura de Gabriel Chalita. O que o PT tem a oferecer ao PMDB, que este já não tenha ou possa ter? Como convencer Chalita a abdicar de uma grande exposição ao eleitorado, pelo menos com vistas a projetos futuros? Essa empreitada é dificílima.
Equiparados no tempo televisivo e em termos de alianças, Serra fará a diferença. Tem muitos obstáculos a transpor, mas, com o passar dos meses, ou de semanas, serão reais as condições de se transformar no favorito para ganhar a “Batalha de São Paulo”.

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