Proposta do ministro reduz a contribuição ao INSS de 20% para 14% e prevê o abatimento total da contribuição patronal no IR do empregador
Célia Froufe, de O Estado de S. Paulo
O primeiro esboço do "Simples das Domésticas" foi apresentado nesta quarta-feira, 14, à presidente Dilma Rousseff pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Antes de ir ao encontro, o ministro adiantou que defenderia a redução da alíquota de contribuição para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) desses profissionais e a possibilidade de se abater toda a contribuição patronal no Imposto de Renda (IR).
Pela proposta adiantada por Lupi, os empregados domésticos contarão com redução da alíquota do INSS de 20% para 14%. Atualmente, os patrões pagam 12% e os trabalhadores, 8%, mas esses porcentuais devem ser reduzidos para 7% para cada uma das partes. Ele quer também que a contribuição patronal possa ser integralmente abatida na declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
Hoje, a dedução é circunscrita a um salário mínimo. O benefício está previsto para acabar ao final deste ano se não for feita uma prorrogação. "Se colocarmos um teto, limita-se o aumento de salário", considerou.
"E eu sou a favor de aumento de salário", acrescentou. Lupi explicou, porém, que, apesar de desejar isso em um primeiro momento, já desistiu de reduzir a alíquota de 8% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Segundo ele, qualquer mudança nesse sentido deve ser feita por emenda constitucional, o que torna a alteração mais complicada.
O ministro explicou que a questão das horas extras deve ficar fora de uma proposta já amarrada pelo governo. Ele avalia que o tema deva ser tratado de forma individual, por livre negociação. "No caso das domésticas contratadas, o funcionamento das horas extras é igual a de qualquer outro trabalhador. A maior dificuldade recai sobre as diaristas, que não têm vínculo empregatício", considerou.
A proposta foi apresentada nesta quarta-feira a Dilma e à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Agora, os Ministérios da Fazenda e da Previdência estão analisando os possíveis impactos da medida. Na reunião, Lupi apresentou simulações sobre o número de empregos formais a serem criados com a medida, mas esses dados não foram divulgados. Se tudo correr bem, o Simples das Domésticas será convertido em projeto de lei e enviado ao Congresso Nacional.
As domésticas têm direito hoje a carteira assinada e previdência. Benefícios como FGTS, seguro-desemprego, abono salarial, horas extras e pagamento de multa de 40% sobre o FGTS em demissões sem justa causa, porém, não se estendem a essa categoria de trabalhadores.
Lupi decidiu criar o "Simples das Domésticas" depois de participar de uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, em junho. Na ocasião, os membros da OIT, inclusive o Brasil, votaram pela igualdade dos direitos dessa classe em relação aos demais trabalhadores. O que o ministro pretende com a proposta é ampliar a formalização no setor.
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