Maria Helena Rubinato
Não são 7 horas. Telefonar para amigos a fim de dirimir dúvidas é um risco. Um deles, o amigo-irmão, sou sua madrinha de casamento, nossa amizade, sólida, fraterna, me acompanhou em todos os percalços pelos quais já passei na vida, sempre com muito carinho e afeto, nossa amizade, repito, quero crer que não resistisse a um telefonema a essa altura da manhã para perguntar “O que é posse, exatamente, que eu quero puxar os bigodes do Sarney?”.
Então resolvi me valer não de um douto membro do MP e cultor do Direito, mas do Portal de Direito do Wikipedia. Achei mais prudente.
E eis a definição de posse:
“A palavra posse deriva do latim possessio que provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma origem de sedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa.
A Posse portanto não se confunde com a propriedade. Esta é fundada em uma relação de direito (natureza jurídica), enquanto aquela é fundada em uma relação de fato (natureza fática)”.
Fácil concluir: o PMDB tem a posse de alguns ministérios na Esplanada. De quantos, não sei, aos poucos descobriremos, conforme as frutas caiam dos galhos. Mas quanto ao do Turismo, não resta dúvida. Ou podemos duvidar de uma declaração nos seguintes termos:
“A lista foi dada à Dilma por causa da dificuldade de escolher um ou dois nomes. Dissemos: “então está aí, presidente. Somos 79, pesca um desses aí. E ela pescou bem. Pescou o Gastão Vieira, que é muito experiente”. E acrescentou: “Como o outro deputado, Pedro Novais, ele (Gastão) é do Maranhão, então eu acho que na hora de escolher pesou esse lado aí”.
As palavras acima foram ditas por Marcelo Castro (PMDB-PI), que também fazia parte da lista, mas não levou. Assim como o outro indicado, Manoel Junior (PMDB-PB). Os dois, PMDB legítimos, são co-posseiros, mas comenta-se que o ilibado deles era um pouco ilibado demais para Dilma Rousseff, sendo que o da Paraíba parece que tem certa semelhança com Ringo. E, como sabemos, Ringo não perdoa.
Quem levou a palma foi o deputado pelo Maranhão, estado onde o turismo é muito desenvolvido. As belezas naturais daquele paraíso têm sido muito bem aproveitadas, quem acompanha o noticiário é testemunha.
São Luiz, a capital, que detém um dos mais ricos acervos de arquitetura colonial do Brasil, está sempre um brinco! A cidade onde o padre Antonio Vieira pregou é centro cultural importante e muito respeitada pelos donos do poder.
O turismo lá é tão bem desenvolvido que o Aeroporto Internacional de São Luiz suplanta em originalidade os aeroportos do norte da África em belas tendas brancas para recepcionar e abrigar os visitantes.
Enfim, Maranhão e Turismo, tudo a ver. Ainda mais com a chancela de quem detém a posse, o ínclito PMDB das bancadas leais ao governo, apud Dilma Rousseff.
O escolhido, deputado de cinco mandatos, é considerado o intelectual do grupo que tem como centro o ilibado senador Sarney. Fez parte da assim chamada “sorboninha”, um punhado de dedicados maranhenses que se reunia para estudar os problemas do Maranhão quando José Sarney era presidente da República. Estudar, parece que estudaram. Já resolver...
Pois o intelectual ontem surgiu com esta autodefesa ao ser chamado de genérico:
- (Não sou genérico) porque não sou aquilo que serve para qualquer doença. Tenho uma imensa capacidade de ouvir a equipe técnica.
- (Não sou genérico) porque não sou aquilo que serve para qualquer doença. Tenho uma imensa capacidade de ouvir a equipe técnica.
Não seria de bom alvitre entregar aos novos ministros, assim que a nomeação é publicada no Diário Oficial, um dicionário? É uma sugestão que faço à presidente.
Que, aliás, anda colaborando com um escritor francês, Henri de Régnier (1864/1936), para desmentir a triste fama que Verdi impôs às mulheres: “La donna è mobile”.
Pois o francês foi mais certeiro, a meu ver: “As mulheres não são nada volúveis; permanecem sempre fieis a elas mesmas, até em suas contradições”.
Foi do que me lembrei ao ler que Dilma Rousseff ontem bradou: “Viva o PMDB! Viva o Brasil!”.
Que a sua surpresa amanhã não seja maior que a minha ontem!
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