ROLDÃO ARRUDA - O Estado de S.Paulo
O ex-presidente Fenando Henrique Cardoso disse ontem, em São Paulo, que uma das maiores ameaças às recentes conquistas democráticas do País é o avanço do corporativismo. Ele citou como exemplo as tentativas de restrição às ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A criação do órgão, segundo o ex-presidente, "foi um avanço muito grande" e a restrição significaria "um retrocesso".
Ao participar de um debate no Centro Ruth Cardoso, sobre os efeitos dos partidos programáticos e da democracia participativa nas mudanças políticas ocorridas no Brasil, FHC disse que o clientelismo político, embora ainda influente, perdeu força no País. O temor dele é a substituição deste pelo corporativismo.
"Existe o risco de substituir o antigo clientelismo por um corporativismo muito forte, que paralise medidas de interesse geral, que impeça o Estado de funcionar como defensor do interesse do conjunto, olhando apenas os interesses de grupos organizados", afirmou, durante o debate. "Isso está crescendo muito no Brasil. É preciso ter cautela em relação ao futuro."
Exemplo. Em seguida, o ex-presidente afirmou que o melhor exemplo do que havia dito era a questão do CNJ. "O Conselho foi criado por causa da sensação generalizada de que os mecanismos normais não funcionavam por causa do corporativismo", afirmou. Sobre o acordo que permitiria a intervenção do CNJ apenas no caso de as corregedorias regionais não funcionarem, ele observou: "Tudo bem. O que não se pode permitir é não acontecer nada quando a corregedoria não funciona".
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