No seu livro Fé em Deus e Pé na Tábua, ele traça um panorama preocupante do comportamento do brasileiro – não só no volante, mas para além dele
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Fé em Deus e Pé na Tábua - ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil, faz uma análise sobre o comportamento do brasileiro ao volante. Escrita em parceria com João Gualberto M. Vasconcellos e Ricardo Pandolfi, a obra nasceu de duas pesquisas, encomendadas pelo governo do Espírito Santo, com o objetivo inicial de melhorar o trânsito na área da Grande Vitória e do restante do estado. O levantamento, realizado como parte do projeto Igualdade no Trânsito, foi feito entre maio de 2007 e janeiro de 2008, e tinha, entre seus instrumentos de coleta de informação, entrevistas qualitativas com motoristas, pedestres e outros usuários do espaço público.
No livro Roberto DaMatta traça um panorama preocupante do comportamento do brasileiro – não só no volante, mas para além dele. Um comportamento com raízes profundas na constituição cultural do brasileiro. País com origem escravista e aristocrática, onde o espaço de convivência é usado de diferentes formas, dependendo da classe social. É a cultura da casa – onde reside o personalismo, a leniência e um sentido de autoridade – levada para a rua – onde as regras devem funcionar da mesma forma para todo mundo, para manutenção da ordem social. No Brasil, no entanto, os “donos da rua” fazem suas vítimas – nesta dinâmica, os pedestres –, cidadãos sem direito de exercer sua cidadania com a igualdade que um espaço que é de todos pede.
Para o autor, o automóvel é visto e usado justamente como instrumento de poder, dominação e divisão social. O motorista se sente burlador do sistema – as leis são para os outros - provocando caos social e no tráfego. A “fechada”, o xingamento, a agressividade são reflexos claros do conceito do “sabe com quem está falando?”, prática comum no Brasil que, apesar de República, jamais perdeu sua cultura aristocrática. Diferentemente do que ocorre em países e culturas onde o espaço público é visto pelos cidadãos como pertencente a todos e, por isso mesmo, respeitado naturalmente, no Brasil, motoristas e até mesmo pedestres desrespeitam as regras do sistema criando, cada um à sua maneira, sua relação com a rua. Daí a dificuldade em se criar a cultura da direção defensiva, por exemplo, em que motoristas se antecipam às reações e ações dos outros motoristas. Afinal, quem tem que se preocupar com prevenção é sempre aquele ao seu lado. É ele que tem que abrir caminho para o “dono da rua”.
Agora em 2011 inicia-se a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, que vai até 2020. A definição de campanha decenal mundial foi decidida pela Assembleia Geral da ONU realizada em março do ano passado. O objetivo da mesma é estimular esforços em todo o mundo para conter e reverter a tendência crescente de fatalidades e ferimentos graves em acidentes no trânsito no planeta.
Roberto DaMatta — Roberto DaMatta foi professor do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde dirigiu o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Mestre e doutor pela Universidade de Harvard, também chefiou o Departamento de Antropologia e foi professor de Antropologia da Universidade de Notre Dame (EUA). Em 1995, começou a escrever crônicas para o Jornal da Tarde, de São Paulo, e a partir de 2001 passou a colaborar com o jornal O Estado de S.Paulo.
É autor de Carnavais, malandros e heróis e A casa & a rua, universo do carnaval, O que faz o Brasil, Brasil?, Relativizando, Torre de Babel, Explorações: ensaios de antropologia interpretativa, Conta de mentiroso, e Águias, burros e borboletas, todos publicados pela Rocco. Além de sua obra em livro, mais de quinze publicados, DaMatta tem centenas de artigos e ensaios em revistas científicas e coletâneas, bem como verbetes em dicionários e enciclopédias, no Brasil e no exterior, publicados a partir de 1963. Mantém uma coluna semanal no O Globo, do Rio de Janeiro.
Sempre Um Papo — Com 25 anos de atividade contínua, o projeto “Sempre Um Papo” é considerado um dos mais importantes meios de incentivo a leitura da América Latina. Criado em 1986, em Belo Horizonte, pelo jornalista Afonso Borges, o Sempre Um Papo é reconhecido como um dos programas culturais de maior credibilidade do País. Ao longo de sua história, já ultrapassou os limites de Belo Horizonte e chegou a 23 cidades, em 8 estados da Federação, bem como do Distrito Federal.
Além dos eventos “ao vivo”, o Sempre Um Papo tem exibição semanal pela TV Câmara. Os programas vão ao ar aos sábados, às 19h, e aos domingos, às 16h. Cerca de 80 dos melhores encontros do Sempre Um Papo já foram gravados e estão disponíveis para download livre nos sites da Câmara dos Deputados e do Sempre Um Papo.
Serviço
Sempre um Papo com Roberto Da Matta.
Data e hora: Dia 20 de setembro de 2011, terça-feira, às 19h30
Local: Teatro Londrina - Memorial de Curitiba (Rua Claudino dos Santos, 79 – Bairro São Francisco).
Entrada franca.
Informações: – Antonio Carlos ou – www.sempreumpapo.com.br
Sempre um Papo com Roberto Da Matta.
Data e hora: Dia 20 de setembro de 2011, terça-feira, às 19h30
Local: Teatro Londrina - Memorial de Curitiba (Rua Claudino dos Santos, 79 – Bairro São Francisco).
Entrada franca.
Informações: – Antonio Carlos ou – www.sempreumpapo.com.br
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