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Escolha de Gleisi Hoffmann para Casa Civil reforça caráter gerencial do governo Dilma e deixa dúvidas sobre comando político e influência do PMDB
Dilma Rousseff deixou clara a mudança no papel da Casa Civil durante a cerimônia de posse da ministra Gleisi Hoffmann. A presidente elogiou a competência como administradora e a formação técnica da substituta de Antonio Palocci, além de qualificá-la como "grande gestora pública".
Ficou a cargo da nova ministra, no seu discurso, destacar que a opção de Dilma por uma senadora (pelo PT do Paraná) para a Casa Civil era também um sinal de apreço pelo Congresso Nacional.
A consideração política pode ter pesado na decisão, mas o importante é que a Casa Civil parece voltar ao perfil que lhe deu Lula em seu segundo mandato, quando a própria Dilma assumiu o gerenciamento do governo e a coordenação dos ministérios. Com a diferença significativa de que Dilma foi a primeira-ministra de fato, o que a senadora decerto não será.
Lula era, ele próprio, o articulador político de seu segundo governo, uma espécie de líder imperial que pairava sobre os partidos da enorme coalizão. Dilma não tem esse perfil e não disfarça certa impaciência diante do jogo partidário. Entre a saudável firmeza no trato com o balcão das demandas e a falta de habilidade para administrar pressões, as fronteiras nem sempre são nítidas.
Com a saída de Palocci, amplia-se a interrogação a respeito da capacidade política do governo. Dá-se como certa a substituição próxima do titular das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, por outro quadro do PT, capaz de dar substância a um ministério esvaziado.
A questão, porém, não se resume à troca de nomes. É improvável que dificuldades políticas do governo se resolvam apenas no âmbito do ministério. O PMDB sai da crise fortalecido, em melhores condições de fazer valer seus interesses fisiológicos.
O partido reclama da dieta magra a que foi submetido no início do mandato e aposta que o vácuo criado com a queda de Palocci projeta Michel Temer. É possível que ele divida as responsabilidades da articulação política, mesmo contra a vontade de Dilma.
A presidente tem nova chance de se afirmar como governante autônoma, livrando-se enfim da tutoria pelo padrinho. Seria esse, talvez, o maior benefício que poderia extrair, para si e para o país, após tantas semanas de desgaste.
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