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Deputados estaduais ignoram as críticas do senador Requião, que acusa parlamentares do partido de “traição”
Ivan Santos no Bem Paraná
A bancada do PMDB decidiu sacramentar sua adesão ao governo Beto Richa (PSDB) com um jantar com o governador, ontem à noite, na residência do líder do partido na Assembleia Legislativa, deputado Caíto Quintana. A notícia provocou a ira do ex-governador e senador Roberto Requião (PMDB), que acusou os parlamentares de traírem o partido. Com a adesão, Richa passa a contar com o apoio declarado de doze dos 13 deputados estaduais peemedebistas, que compõem a maior bancada da Assembleia. Além disso, ele abre caminho para ter oficialmente o PMDB como aliado na eleição de 2014, em que deve enfrentar a candidatura da ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do PT.
Segundo os parlamentares, o apoio não implicará em ocupação de cargos no governo, apesar do PMDB já comandar a Secretaria de Estado do Trabalho, chefiada pelo deputado estadual licenciado e ex-líder do governo Requião na Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli. A alegação é de que Romanelli foi uma escolha pessoal de Richa, e não uma indicação da legenda.
Pelo acordo, o governador se comprometeu a estancar o assédio do PSDB e outros partidos que já integram sua base política sobre prefeitos, vereadores e pré-candidatos peemedebistas às eleições municipais de 2012. Além disso, nas cidades onde PMDB e tucanos não conseguirem chegar a um acordo para um candidato único a prefeito, Richa não se envolverá pessoalmente na campanha. Entre os peemedebistas que já garantiram o apoio do governador nas eleições do ano que vem está inclusive o presidente estadual do partido, deputado Waldyr Pugliesi, pré-candidato à prefeitura de Arapongas. “Vamos buscar uma harmonização. Mas nas cidades onde houver disputa entre os aliados o Beto não vai”, confirmou o deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior.
Stephanes também confirma que o acordo prepara o terreno para que o PMDB apoie a reeleição do governador em 2014. “Tem grande chance do PMDB estar aliado formalmente ao Beto na próxima eleição”, disse.
Sobre 2012, o deputado explica que o acordo não inclui Curitiba, onde Requião, que já lançou a pré-candidatura do ex-deputado Rafael Greca (PMDB) à prefeitura, controla o partido. “Curitiba foi excluída. Não há alinhamento automático”, diz Stephanes Júnior, sobre a possibilidade de apoio à reeleição do atual prefeito, Luciano Ducci.
O governador teria concordado ainda em manter alguns programas da administração anterior, como o “Leite das Crianças”. E a retirar do âmbito da agência reguladora estadual a Copel e a Sanepar. Outro compromisso seria evitar críticas diretas ao governo Requião, para não constranger os parlamentares do partido. “Nós pedimos ao Beto que olhe para frente. Parar de olhar para trás. Se tiver alguma coisa errada, que acerte”, explica o deputado Nereu Moura (PMDB).
Moura lembrou que apesar do partido ter integrado oficialmente a coligação que teve o ex-senador Osmar Dias (PDT) como candidato ao governo, em 2010, e incluía o PT, boa parte do PMDB já tinha apoiado Beto Richa nas eleições passadas. “Um terço do partido foi com o Beto e deu a vitória a ele”, avalia.
O deputado diz que pretende ir na semana que vem à Brasília para conversar com Requião sobre a decisão. Também pretende manter encontros com o vice-presidente da República e presidente nacional licenciado do PMDB, Michel Temer. “Não é para pedir a benção. É para comunicar nossa decisão”, avisa. Segundo ele, caso não aderisse ao governo, o PMDB do Paraná corria o risco de sofrer um “esvaziamento”, com a migração de lideranças para partidos da base de situação, como o PSDB. “Gosto do Requião. Sou parceiro dele. Mas ele não está interessado se vamos sobreviver politicamente ou não”, afirma.
Fígado - O único parlamentar peemedebista que não quis aderir ao governo foi Anibelli Neto. Ele disse ainda concordar com Requião e com o ex-governador Orlando Pessuti, para quem qualquer decisão em relação ao governo teria que passar pelo diretório estadual do partido.
Em gravação divulgada na internet, Requião acusou os parlamentares de terem sido contaminados pelo “vírus D4, de bruços”. Classificando a adesão ao governo tucano como “traição”, o senador afirma ainda que ela significa a “morte” da bancada do PMDB na Assembleia. “No jantar servirão o figado de seus eleitores peemedebistas”, apontou o senador.
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