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CATIA SEABRA na Folha.com
Postulando o direito de representar a oposição na corrida presidencial de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) planeja criar um novo partido para a disputa.
Fruto da fusão de PSDB, DEM e PPS, a sigla seria anunciada em 2013, depois das eleições municipais do ano que vem, e poderia atrair até mesmo integrantes do PSD --recém-lançado pelo prefeito Gilberto Kassab (SP).
Apesar da disposição de manter por ora seus projetos sob sigilo, Aécio acabou por confidenciá-los a interlocutores nas últimas semanas, quando trabalhou para conter a migração de integrantes da oposição ao PSD.
Disposto a segurar parlamentares do PSDB e do DEM, Aécio pediu que não tomassem suas decisões "de olho no retrovisor". Seu argumento é o de que a saúde da oposição não deve ser avaliada à luz das eleições do ano passado, quando foi derrotada, mas sob a perspectiva de uma vitória em 2014.
Toda sua aposta está no desgaste do governo e esgarçamento de sua relação com a base. "Enquanto isso, a oposição tem que se renovar", disse Aécio, na sexta-feira, em Minas Gerais.
Nas conversas, Aécio recomenda serenidade e acena com a promessa de que todos --inclusive o próprio PSD-- estarão unidos em 2014.
O senador repete que "todo governo, quando se elege, tem uma carência". "Mas nossa vez vai chegar."
DIVERGÊNCIA
Embora o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), e o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), defendam uma fusão antes mesmo da eleição do ano que vem, Aécio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, discordam.
Os dois alegam que neste momento --de fragilidade da oposição-- não seria oportuno abrir mais uma janela de acesso para o governo.
Segundo resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), um parlamentar pode deixar seu partido sem risco de perda de mandato somente em alguns casos. Entre eles, a fusão partidária ou a criação de uma nova sigla.
Ainda não formalizado na Justiça Eleitoral, o PSD já tem sido refúgio de parlamentares interessados em aderir à base governista. Mas, como seu nascimento está cercado de insegurança jurídica, uma fusão do PSDB com o DEM poderia escancarar as portas da oposição para o governo.
Pela lógica de Aécio, esse ímpeto governista estará mitigado em 2013, e a perspectiva de uma vitória no ano seguinte atrairá filiados para seu novo partido.
Bem menos otimista, ACM Neto tem dito que poderá ser tarde demais para conter a sangria.
PESQUISA
A fusão de dois ou mais partidos é mais vantajosa do que a simples criação de uma nova legenda.
Enquanto o PSD surge sem direito a tempo de TV ou a fundo partidário, na fusão é preservada a cota dos partidos que dão origem a essa terceira sigla.
O projeto de Aécio enfrentaria, no entanto, muita resistência. Além da incompatibilidade histórica de PPS e DEM, o tucanato defende a manutenção do nome do PSDB à frente da sigla.
A conveniência de troca de um nome nacionalmente consolidado --o do PSDB-- seria submetida a pesquisas qualitativas.
Num sentido oposto, o DEM deverá realizar pesquisa para analisar sua nova estratégia de comunicação e não está descartado o resgate do antigo nome, PFL.
Refratário à fusão, o senador José Agripino, presidente nacional do DEM, afirma que "o assunto não está em questão neste momento".
Parlamentares procurados por Aécio declaram que o projeto faz parte das conversas. "A criação de um novo partido está, sim, em pauta", afirma o deputado Jorginho Melo (PSDB-SC), que se manteve no PSDB também a pedido de Aécio.
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