Agência Estado
O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), saiu ontem em defesa do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, após denúncia de que ele teria multiplicado seu patrimônio por 20 em quatro anos. "O PMDB confia plenamente na lisura do procedimento de Palocci e estará ao lado dele", afirmou, descartando "perturbação" no governo ou risco ao cargo do ministro.
Em viagem oficial à Rússia, Temer manifestou-se em tom semelhante ao da presidente Dilma Rousseff, que, segundo assessores, não foi surpreendida pelas informações publicadas ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. Auxiliares da presidente informaram que ela está "tranquila", pois sabia desde dezembro que Palocci tinha uma empresa.
Segundo a reportagem, a Projeto, da qual o ministro tinha 99,9% do capital, comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões em novembro e já era dona de um escritório de R$ 882 mil, ambos na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Em 2006, Palocci declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 375 mil.
Os dados da Projeto, inclusive o faturamento, foram submetidos à Receita Federal e à Comissão de Ética Pública da Presidência antes da posse, segundo nota da Casa Civil. O texto diz que "as atividades da empresa e as medidas tomadas para prevenir conflito de interesses foram registradas junto à Comissão de Ética da Presidência". Palocci informou que a Projeto, aberta em 2006, prestou consultoria econômico-financeira até 2010, quando "as atividades foram encerradas por força da função ministerial".
Explicações
A oposição resolveu esperar até amanhã as explicações de Palocci sobre o faturamento obtido pela empresa de consultoria aberta pelo petista em 2006. Dois imóveis de alto padrão em São Paulo foram comprados em nome da Projeto. "Vamos aguardar as explicações. Se ele não detalhar, na terça-feira vou apresentar uma representação na Procuradoria-Geral da República", disse o líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO).
Para justificar a cobrança, o senador citou o histórico do ministro. Palocci deixou o governo Lula em 2006, no episódio da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, que havia declarado ao jornal O Estado de S. Paulo ter visto o ministro frequentando uma casa usada por lobistas - Palocci negava ter ido ao local. "Ele é um sujeito enrolado, a vida toda dele é enrolada. Vai ter essa denúncia e outras mais", afirmou Demóstenes.
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