segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dólar é que manda - GEORGE VIDOR


no O Globo
O ouro já não serve de lastro para as moedas e o dólar perdeu muito da sua força. No entanto, a moeda americana ainda não perdeu a liderança nas transações internacionais e para mantê-la dificilmente os Estados Unidos aceitarão mudar agora as regras que definem o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI). É assim desde 1946 e levará tempo para isso se modificar. 

Tais regras agradam à União Europeia, mesmo com sua moeda única (o euro) apontada como potencial rival do dólar, e ao Japão. A economia chinesa caminha para superar a americana em tamanho, mas o yuan nem circula fora de seu território. A China continua a acumular suas reservas cambiais em dólares (alguns trilhões) e certamente gostaria de influenciar mais o FMI para que a instituição pudesse ter mais ingerência sobre decisões de política econômica dos Estados Unidos capazes de afetar o comportamento da moeda americana. Mas a China ainda não faz parte do seleto clube que decide. 

Agora no fim da entressafra de cana-de-açúcar, o álcool anidro (que entra com volume de 25%) estava participando com quase o mesmo valor da gasolina pura (75%) da mistura. Do preço total que os consumidores pagavam no posto, o anidro correspondia a 22% e a gasolina pura a 26%. O restante era composto por impostos e margem dos revendedores. 

A proporção de pessoas com mais de 15 anos que fumam no Brasil caiu para 15,1% no ano passado, segundo o Ministério da Saúde. A queda tem sido mais expressiva entre os homens (o índice caiu de 20,2%, em 2006, para 17,9%, em 2010). Entre as mulheres, a proporção permanece estável em 12,7%. 

Os índices de fumantes são maiores na zona rural, entre as pessoas de renda mais baixa e as menos escolarizadas, possivelmente por elas não serem atingidas pelas campanhas de esclarecimento sobre o estrago que o fumo faz à saúde (dos próprios fumantes e dos que estão à volta). A proporção de pessoas com até oito anos de instrução que fumam é de 18,6%, enquanto entre as mais escolarizadas (12 ou mais anos de instrução) o índice cai para 10,2%. 

31 de maio é o dia que os órgãos envolvidos no esforço para reduzir o consumo de tabaco avaliam esse trabalho, e a Organização Panamericana de Saúde promoverá um encontro em Brasília. Embora no Brasil esteja em declínio, o consumo está em alta em alguns mercados emergentes, ainda que a China tenha recentemente restringido o fumo em locais públicos. 

A campanha estará direcionada agora contra o uso de aditivos, açúcares e a "mentolização", que tornam o cigarro menos desagradável aos que o experimentam (crianças e adolescentes, principalmente). 

Em setembro, chefes de estado e de governo vão se reunir nas Nações Unidas, em Nova York, para discutir iniciativas de monitoramento dos chamados fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, entre os quais o tabaco e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. 

A Cedae, companhia estadual de água e esgotos do Rio de Janeiro, ocupará sua nova sede, na Cidade Nova, no mês que vem. Além de casa nova, a empresa chegará ao segundo semestre com seus passivos financeiros restruturados. Está prevista a quitação de uma dívida de R$1 bilhão (herdada do governo estadual) com a União. Esse débito é que impede a empresa de contrair financiamentos que viabilizem investimentos na recuperação e na expansão da rede de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos. 

Para essa reestruturação foi fundamental também a Cedae equacionar seus compromissos com o fundo de previdência dos funcionários (Prece). No lugar do sistema de benefício definido, que deixava o fundo em situação de risco, os participantes estão migrando para planos de contribuição definida. Com a mudança, a Cedae pelo menos sabe quanto terá de desembolsar para liquidar esses passivos. 

Nas próximas semanas conheceremos a verdadeira disposição do mercado imobiliário para investimento em prédios comerciais na zona portuária do Rio. A legislação abriu a possibilidade para a construção de prédios altos, se os incorporadores pagarem um sobrepreço pelos terrenos, valor que será investido pela prefeitura na melhoria da própria região. Esse programa despertou um debate sobre os rumos do desenvolvimento urbano do município. Induzir novos empreendimentos para o antigo centro, cujas vias de escoamento se mostram já saturadas, ou o melhor seria continuar caminhando para Barra da Tijuca e Zona Oeste? 

Uma opção não exclui a outra, na verdade, pois, como mostra a experiência de Barcelona, uma grande cidade deve ser multipolar, com vários "centros" capazes de reunir áreas comerciais e de moradia simultaneamente. 

Meu entusiasmo com a visita à Turquia foi tanto que acabei não mencionando uma rápida passagem por Berlim. Pela primeira vez me hospedei no lado oriental, na histórica Gendarmenmarkt, junto à rua (Friedrichstrasse) que reúne boas lojas. A praça é uma graça, com antigas catedrais que viraram museus e uma grande sala de concertos. Ao seu redor há uma série de ótimos restaurantes (um deles, de comida alemã, tem mais de duzentos anos) e bares. A pé se chega a todos os pontos de interesse da área histórica da cidade. 

Conheci Berlim em 1980, quando ainda era possível ver, mesmo na parte ocidental, vestígios das dramáticas últimas semanas da Segunda Guerra Mundial na Europa. O lado oriental era de uma tristeza abissal. Logo depois da queda do Muro, voltei lá, profissionalmente, em duas ocasiões. Os dois lados ainda se estranhavam. Há três anos revi uma Berlim revigorada e desde então deu para perceber uma contínua melhora. Berlim pós-reunificação virou o centro de arte contemporânea na Europa.

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