terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vencedores dos leilões operam aeroportos em países emergentes



RENÉE PEREIRA - O Estado de S.Paulo
Os consórcios vencedores dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília são antigos conhecidos do setor de infraestrutura. Detêm concessões rodoviárias, portuárias e de transporte urbano. Já as operadoras estrangeiras, presença exigida pelo edital de licitação, atuam em países como Argentina e no continente africano.
As grandes operadoras da Europa, como a alemã Fraport, a espanhola Aena e a suíça Zürich, conhecidas pela qualidade dos serviços, não conseguiram ir adiante no leilão. De qualquer forma, o governo acredita que os aeroportos ficarão em boas mãos.
"Não temos nenhuma sinalização de que as operadoras que participam dos consórcios vencedores não tenham condição de atender às necessidades dos aeroportos brasileiros", destacou o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt. Segundo ele, o fato de serem de países emergentes não as desqualificam. "Teremos de parar com esse complexo de vira-lata."
Guarulhos. O consórcio vencedor do Aeroporto de Guarulhos é formado por apenas duas empresas: Invepar (90%) e Airport Company South Africa (10%). A Invepar é a empresa de infraestrutura dos fundos de pensão Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa) e Petros (Petrobrás), em sociedade com a construtora OAS.
Nos últimos anos, a empresa acelerou os investimentos em novos projetos, como as linhas 1 e 2 do metrô do Rio e a Rodovia Raposo Tavares, em São Paulo, e outras estradas na Bahia. No total, as empresas com participação da Invepar somam R$ 4 bilhões em ativos. No ano passado, o grupo, que tem planos de abrir capital, faturou R$ 660 milhões.
Já a parceira ACSA é uma estatal do governo da África do Sul, que detém 74,6% de participação na companhia. A empresa é responsável pela operação de nove aeroportos na África do Sul. Entre eles, os aeroportos internacionais de Tambo, Cape Town e King Shaka, que juntos receberam 30 milhões de passageiros em 2010.
Para a Copa do Mundo realizada no país, a empresa fez investimentos de R$ 4 bilhões. Fato que pode ter deixado a operadora com o caixa debilitado.
Viracopos. O Consórcio Aeroportos Brasil, vencedor de Viracopos, é formado por Triunfo (45%), UTC (45%) e a francesa Egis (10%). O líder do grupo, a Triunfo, tem ampla tradição no transporte de carga. É dono do Porto de Navegantes, em Santa Catarina, de uma série de rodovias e de usinas de energia elétrica. Mas o grupo ficou famoso por perder a concessão da Rodovia Ayrton Senna, em São Paulo.
A empresa venceu o leilão feito pelo governo do Estado de São Paulo, em 2008, mas não conseguiu entregar todas as garantias exigidas pelo edital.
Na ocasião, uma das justificativas foi a crise mundial, que reduziu a liquidez do mercado bancário. Sem as garantias, o consórcio perdeu a concessão para o segundo colocado, que era a Ecorodovias, concessionária que administra as Rodovias Imigrantes e Anchieta, em São Paulo.
Brasília. Já o Aeroporto de Brasília foi arrematado pelo Grupo Inframerica, o mesmo que venceu o leilão do Aeroporto São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, em agosto do ano passado. Ele é formado pela empresa Infravix, do grupo Engevix, e pela argentina Corporación America. Cada uma detém 50% de participação no consórcio.

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