Pela pesquisa Focus, a expectativa para o juro básico no fim do ano subiu de 12,25% para 12,50%: para a inflação, passou de 6,34% para 6,37%
Fabio Graner - O Estado de S.Paulo
Com a sinalização dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de que pretende alongar o ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic), o mercado financeiro já começou a promover ajustes nas suas projeções para a Selic no fim deste ano e também para o fim de 2012.
Segundo a pesquisa semanal Focus, divulgada ontem pelo Banco Central, a expectativa central do mercado para o juro básico no fim de 2011 subiu de 12,25% para 12,50% ao ano, o que pressupõe mais duas altas de 0,25 ponto porcentual.
Para o encerramento de 2012, a projeção para a Selic subiu de 11,75% para 12% anuais. Isso significa que os analistas não só esperam que o juro suba mais nos próximos meses, mas também que trabalham com um cenário em que a Selic permanecerá em níveis elevados por mais tempo, para garantir o controle da inflação. Dessa forma, a flexibilização da política monetária, na visão do mercado, acontecerá bem mais lentamente.
Com as mudanças nas taxas previstas para os finais de ano, as expectativas para a taxa média também foram alteradas.
Para 2011, a projeção para a média da Selic subiu de 12,06% para 12,16%, enquanto para 2012, de 12,13% para 12,25% anuais.
Inflação. Apesar de prever juros maiores, o mercado ainda não mudou o rumo de seu cenário inflacionário. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza a condução da política monetária, em 2011 subiu mais uma vez e atingiu 6,37%. Na semana passada, estava em 6,34%. Foi a oitava alta seguida nessa projeção.
Para 2012, a projeção central ficou estável em 5%, pela quarta semana consecutiva, o que seria um indicador positivo para o BC, que está calibrando os juros para colocar a inflação de volta ao centro da meta (4,5%) só em 2012.
O problema é que ainda há uma dispersão muito grande das estimativas dos analistas, com boa parte do mercado esperando mais que 5% de inflação e apenas um pequeno grupo espera menos: 4,8% para o IPCA de 2012.
Dispersão. A economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro avalia que essa dispersão nas projeções para 2012 revela que o Banco Central ainda não foi bem sucedido em seu esforço para "ancorar as expectativas".
Ela acredita, inclusive, que a tendência é que a projeção central do mercado em 2012 suba em algum momento nas próximas semanas, refletindo o fato de a maioria prever mais de 5% de inflação no ano que vem.
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