foto Wildboa |
Mary Zaidan
Sem conseguir superar suas lutas fratricidas, que corroem a sigla ano após ano, e longe de se portar como o maior partido de oposição do país, o PSDB parece ser o único a desconhecer o recado que o eleitor lhe enviou ao derrotar José Serra e eleger Dilma Rousseff.
Agora, depois de fazer ouvidos moucos às urnas, o partido tenta correr atrás do prejuízo: inicia neste mês uma pesquisa de âmbito nacional para aferir sua imagem e saber o que eleitor pensa da atuação dos políticos tucanos.
Dificilmente haverá surpresas. Mas, certamente, o levantamento revelará com maior clareza algumas decepções. Em especial na região Sudeste, onde o eleitorado tucano tem elevadas taxas de concentração; onde estão São Paulo e Minas Gerais, o ex-governador José Serra, o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves. Um trio que, por mais que as urnas berrem no sentido inverso, prefere desconhecer os conselhos que elas dão. E nada indica que vão parar de se digladiar, com ou sem pesquisa.
Não pára por aí. Os tucanos parecem gostar de colecionar imbróglios. A briga pela presidência do partido arrasta-se há meses. Ora na surdina, ora abertamente.
Nem mesmo a idéia de criar um conselho de estrelas de primeira grandeza é consensual. Na proposta, feita por Aécio, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra, Alckmin e o próprio senador mineiro, deixando de fora outros expoentes sem mandato, como o ex-governador e ex-presidente da legenda Tasso Jereissati.
As conversas com políticos tucanos em qualquer esfera, sejam eles vereadores, deputados estaduais ou federais, senadores, gente de governo, sempre começam por críticas ao outro grupo.
Quase todo mundo fala mal de quase todo mundo.
A disputa interna contagia tudo. Se um defende a reeleição o outro corre para negá-la. Se um fala em voto facultativo o outro defende a obrigatoriedade. Se um engrossa a voz oposicionista o outro fala em oposição responsável, como se oposição comportasse adjetivos.
No campo das idéias, a única concordância é pela adoção do voto distrital misto. Parece também que ninguém se opõe – pelo menos até então – à realização da pesquisa que, acredita o atual presidente da sigla e candidato à reeleição, senador Sérgio Guerra (PE), subsidiará os trabalhos da Convenção Nacional prevista para maio.
Pesquisas são excelentes instrumentos. Servem, se bem elaboradas, para apontar caminhos, corrigir rumos. Eleições são insubstituíveis, têm precisão cartesiana. Elas, sim, são a voz e a expressão das expectativas populares. Insistir em não ouvi-las pode ser fatal.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
no Noblat
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