Dados vazados pelo Wikileaks têm como base comunicações feitas entre embaixadas dos Estados Unidos.
BBCBrasil
Fundador do Wikileaks diz que EUA têm medo de prestar esclarecimentos.
Cerca de 250 mil documentos secretos obtidos pelo site Wikileaks e divulgados neste domingo indicam que os Estados Unidos ordenaram espionagem a respeito de diversos altos funcionários da ONU - incluindo o seu secretário-geral, Ban Ki-moon.
Os dados têm como base comunicações feitas entre embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo. As informações mais recentes obtidas pelo Wikileaks - especializado na publicação de documentos confidenciais - são de fevereiro deste ano.
Um comunicado assinado pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e enviado a diplomatas americanos em julho de 2009 pede "dados biométricos detalhados" e informações técnicas - como senhas usadas em comunicações privadas - de altos integrantes da ONU.
Entre as autoridades visadas, estavam o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, e os representantes permanentes de Grã-Bretanha, França, Rússia e China no Conselho de Segurança.
Chávez "louco"
Segundo os dados obtidos pelo Wikileaks, o assessor diplomático da Presidência francesa, Jean-David Levitte, disse ao subsecretário de Estado americano Philip H. Gordon, em um encontro realizado em Paris em setembro de 2009, que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, é "louco" e que nem o Brasil era capaz de dar-lhe mais apoio.
"Infelizmente, Chávez está pegando um dos países mais ricos da América Latina e transformando-o em outro Zimbábue", disse Levitte, segundo o comunicado.
Os documentos também reforçam o medo dos Estados Unidos de que o Paraguai reúna agentes iranianos e militantes islâmicos. A tese é corrente desde os atentados de 11 de setembro de 2001, principalmente em relação à "tríplice fronteira" entre Brasil, Argentina e Paraguai.
Pressão para atacar Irã
Entre as informações que constam dos documentos, também estão a pressão de líderes árabes - como o rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz - para que os Estados Unidos bombardeassem o Irã, além de esforços clandestinos do governo americano em atacar a rede Al-Qaeda no Iêmen.
O editor da BBC para o Oriente Médio Jeremy Bowen acredita que o vazamento vai intensificar o debate sobre os planos nucleares do Irã, assim como sobre as chances de uma ação militar por parte dos Estados Unidos ou de Israel.
"Os vazamentos são profundamente constrangedores para os americanos e vão enfurecer os líderes árabes cujas declarações foram citadas", diz Bowen.
Os comunicados entre embaixadas ainda indicam preocupações com a segurança do programa nuclear paquistanês, com o possível uso de material radioativo para a construção de armas atômicas.
Críticas ao vazamento
O governo dos Estados Unidos criticou o site Wikileaks pela divulgação dos dados.
"O presidente (Barack) Obama apoia um governo responsável e aberto tanto internamente quanto ao redor do mundo, mas esta ação descuidada e perigosa vai contra este objetivo", disse um comunicado da Casa Branca.
"Nós condenamos nos termos mais fortes a divulgação não-autorizada de documentos confidenciais e informações sensíveis da segurança nacional", afirma a nota.
Para o fundador do Wikileaks, o australiano Julian Assange, o governo dos Estados Unidos tem medo de prestar esclarecimentos em relação aos documentos que foram vazados.
Horas antes da divulgação dos dados, o Wikileaks disse estar sendo vítima de um ataque cibernético. "Nós estamos agora sob um ataque de rejeição de servidores massivamente distribuído", afirmou o site por meio de seu perfil no serviço de microblogging Twitter.
Às 17h30, a página principal do site abria normalmente, mas apresentava lentidão no acesso aos seus demais conteúdos.
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