Criada em 2007, rede tem 125 lojas, pouco mais da metade do que havia sido previsto
Márcia De Chiara - O Estado de S.Paulo
A rede Lojas do Baú Crediário, braço varejista do Grupo Silvio Santos, é tida pelo mercado como o "patinho feio" do conglomerado, caso o empresário Silvio Santos decida vendê-la para quitar o empréstimo de R$ 2,5 bilhões recebido na semana passada do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), após a descoberta de fraude no Banco Panamericano.
Fundada em 2007, os planos da rede varejista eram ambiciosos. A meta inicial era chegar em 2010 com 224 lojas espalhadas entre as regiões Sul e Sudeste. Hoje, no entanto, são apenas 125 pontos de venda concentrados nos Estados de São Paulo e Paraná, onde estão localizadas 40 e 84 lojas, respectivamente. Há somente uma unidade em Minas Gerais, na cidade de Poços de Caldas. Apesar de não divulgar dados por ser uma companhia fechada, o Estado apurou que a receita da rede girou em torno R$ 400 milhões no ano passado.
Além de ficar aquém no plano de expansão inicialmente traçado, fontes do mercado dizem que a empresa seria deficitária. As lojas do Paraná, compradas da rede Dudony em 2009, estariam vendendo 40% do previsto. A administração anterior, que durou até meados deste ano e da qual fizeram parte familiares do empresário Silvio Santos e pessoas de sua confiança, teria levado a rede a acumular estoques indesejados e uma série de problemas. A integração dos funcionários da rede Dudony com os das Lojas do Baú Crediário, por exemplo, foi difícil, o que desmotivou a equipe.
Estoques. Segundo fontes do mercado, a administração anterior teria errado a mão na hora de fazer as encomendas a fabricantes e importadores. Com isso, a rede teria acumulado um volume de produtos maior que o normal. Para redes de móveis e eletrodomésticos 40 dias de estoques já são considerados um volume alto. Também o mix de produtos escolhidos estaria longe de atrair o interesse da classe C, que é o alvo da rede e gosta de itens de marca.
Egresso do Ponto Frio, José Roberto Priost, que desde julho é o diretor de Varejo da rede, acumulando as funções de compra, venda e marketing, nega que a companhia seja deficitária. "Hoje estamos no zero a zero", diz o executivo encarregado de reestruturar a rede. "Não há receita do bolo para o varejo. Vim para dar mais velocidade ao negócio de varejo, que tem normalmente margens apertadas."
Priost diz que os planos da rede de dobrar de tamanho dentro de um ano estão mantidos depois do revés sofrido pelo Grupo na semana passada. O plano de ter lojas maiores, de 300 metros quadrados, na cidades onde a companhia já está também não foi modificado e contempla 23 unidades, que foram adquiridas da Dudony. O executivo também discorda da baixa atratividade da companhia, caso o empresário Silvio Santos opte pela venda da rede varejista.
"A rede tem potencial de venda se o comprador olhar para a perspectiva de ganho futuro que a empresa pode proporcionar, não para o passado e o presente", diz um empresário do setor que não quer ser identificado.
Na bolsa de apostas de quais seriam os potenciais interessados pela rede varejista, ganham destaque a Máquina de Vendas, união da rede mineira Ricardo Eletro com a baiana Lojas Insinuante, e o Magazine Luiza, que acabou de dar um passo ousado comprando as Lojas Maia no Nordeste.
Oficialmente ambas as companhias negam o interesse pelas Lojas do Baú Crediário. Analistas de varejo dizem que a rede do Grupo Silvio Santos caberia como uma luva no plano de expansão da Máquina de Vendas, que domina o Nordeste, o Sudeste e o Centro-Oeste, mas ainda não fincou bandeira no Sul. Para o Magazine Luiza, por sua vez, apesar de estar presente no Paraná e no interior de São Paulo, a compra da rede seria uma estratégia acertada para brecar o avanço da concorrência.
No caso das Casas Bahia e do Ponto Frio, o modelo das Lojas do Baú Crediário seria interessante apenas para o Ponto Frio. Isso porque a rede é formada por pontos de venda de pequeno porte, incompatíveis com o formato das Casas Bahia.
FICHA TÉCNICA
Lojas do Baú se apoiam na marca do Baú, mídia do SBT e crédito do Panamericano
Fundação: 2007
Número de lojas: 125
Número de funcionários: 2.000
Onde está: São Paulo e Paraná
Foco: móveis e eletrônicos
Receita em 2009: R$400 milhões
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