quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Em crise com Brasil, Fifa aguarda definição de novo interlocutor


no Terra

A iminente perda de poder do ministro dos Esportes, Orlando Silva, envolvido em denúncias de corrupção na pasta que ocupa, foi recebida com cautela pelo comitê-executivo da FIFA. Os principais dirigentes da entidade máxima do futebol estão reunidos em Zurique nesta semana para definir o calendário da Copa do Mundo de 2014, que será anunciado oficialmente amanhã.
Oficialmente, nenhum representante comenta o assunto, mas a alta cúpula da organização está acompanhando de perto as notícias envolvendo Orlando Silva e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, a presidente Dilma Rousseff decidiu reduzir os poderes do ministro dos Esportes diante das denúncias envolvendo o nome dele em um esquema de desvio de verbas em contratos públicos com ONGs.
Dilma estaria disposta a assumir pessoalmente as negociações com a Fifa e o Congresso para aprovação da Lei Geral da Copa, ponto polêmico que envolve interesses econômicos dos organizadores e patrocinadores do evento de 2014. Para os representantes da entidade, a notícia da presidente assumindo o controle das questões pode ser considerada positiva. Porém, ainda há dúvidas sobre se Dilma nomeará outro interlocutor.
Nos corredores do hotel Baur au Lac, em Zurique, onde se hospedam os delegados da federação internacional, discute-se que, apesar das posições duras de Dilma Rousseff, é melhor lidar diretamente com a presidente para resolver detalhes importantes para a Copa que deveriam ter sido definidos no final de 2009, mas ainda seguem pendentes.
A Fifa já não reconhecia em Orlando Silva um interlocutor com poder de decisão em assuntos delicados, como a lei da meia-entrada e contratos de exclusividade de transmissão. O poder de influência do ministro com a presidente também já vinha sendo bastante questionado, antes mesmo do escândalo envolvendo o nome dele eclodir.
A entidade espera uma definição o mais rápido possível sobre a Lei Geral da Copa, que está causando grande mal-estar na relação com o Palácio do Planalto. A questão mais delicada para a Fifa nas negociações com o governo Dilma são os privilégios para os detentores dos direitos de transmissão e outros impasses relacionados a questões de marketing.
Discussões sobre a venda de bebidas alcoolicas nos estádios e a meia-entrada nos ingressos do Mundial são considerados temas relevantes, mas não primordiais. Isso porque eles afetam os negócios diretos da federação, que teria condições de absorver ou contornar eventuais perdas. Já os impasses relacionados aos direitos de transmissão envolvem parceiros que injetam verdadeiras fortunas na entidade.

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