CHRISTIANE SAMARCO - Agência Estado
A disputa entre tucanos do grupo do senador eleito Aécio Neves (MG) e a ala ligada ao candidato derrotado José Serra ultrapassou os limites do PSDB e avançou sobre o DEM. Para vencer a guerra interna com a ala do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do ex-presidente do partido Jorge Bornhausen, o grupo do atual presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), tenta se escudar em Aécio. Mas não houve confronto na reunião da Executiva Nacional dos Democratas, realizada hoje.
Líder da ala serrista do DEM, Kassab desembarcou em Brasília para engrossar o grupo de Bornhausen, que queria enfrentar Maia no voto, na reunião dos dirigentes do partido. No entanto, diante do risco iminente de derrota, Maia surpreendeu os adversários com uma manobra política que o manterá na presidência no mínimo por mais três meses. Até lá, ninguém sairá do partido. Nem Kassab.
Na prática, a disputa foi remarcada para 15 de março, data da convenção nacional extraordinária convocada pelo próprio Rodrigo. Foi a saída que lhe permitiu ganhar tempo para mobilizar aliados e então eleger a nova Executiva Nacional Provisória que tratará do calendário das convenções municipais e estadual e da sucessão no comando nacional do partido.
Não por acaso, o braço direito de Maia no DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), foi buscar Aécio no aeroporto em Brasília, na noite de ontem. Também não foi a toa que, antes de visitar o senador Tasso Jereissati (CE), Aécio passou pelo gabinete da presidência do DEM para cumprimentar Maia. Mas o senador mineiro teve a cautela de fazer um gesto ao grupo de Kassab, para mostrar que não quer entrar em briga de vizinho.
O líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), estava na presidência do partido quando Aécio foi até lá defendendo a unidade para não fragilizar o conjunto da oposição. Hoje pela manhã, foi brindado com um telefonema do mineiro, com um discurso de pacificação e a indagação sobre se haveria ou não massacre a Maia na executiva. O deputado respondeu que a ideia era tentar um acordo.
O grupo de Bornhausen e Kassab queria ter definido as convenções hoje, mas não conseguiu. Maia abriu e encerrou a reunião da Executiva em apenas cinco minutos, tempo mais que suficiente para que ele anunciasse sua decisão, deixando Bornhausen e Kassab surpresos com a rapidez da manobra.
José Serra
"Como havia uma divisão aguda no partido e nenhum calendário atendia aos dois lados, resolvi convocar a convenção extraordinária para que ela possa decidir de forma soberana", explicou Maia, dizendo que fazia um gesto em favor da unidade. Em entrevista à imprensa no final da reunião, fez questão de criticar o desempenho de Serra na eleição presidencial. Disse que a atuação do tucano no primeiro turno "foi desastrosa e não agregou nada à oposição".
"Quando o candidato a presidente vai mal no primeiro turno, ele desmonta todo o quebra-cabeça nos Estados", afirmou, em uma queixa velada pela derrota de seu pai Cesar Maia (DEM-RJ) na disputa pelo Senado. O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), teve de dar uma resposta pública ao aliado. "José Serra foi um grande candidato. Fez um grande esforço pela vitória da oposição, o que colaborou para o desempenho que tivemos nos Estados."
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