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A presidente Dilma Rousseff tem recebido elogios rasgados pelo seu jeito de ser. Mas, não fosse o contraponto com o seu padrinho, o que ela não diz ou as obviedades que diz não fariam sucesso.
Reservada, séria, trabalhadora, gestora de ponta. Essas são algumas das qualidades a ela atribuídas. Porém poucas – a não ser pela comparação com estilo carnavalesco do ex-presidente Lula – resistem aos fatos. A começar por ela freqüentar o local de trabalho e lá ficar por horas a fio, o que não é mérito algum; a maior parte dos brasileiros faz.
Nas poucas aparições públicas, Dilma repetiu mesmices com a profundidade de um pires sobre educação em cadeia de TV convocada, na verdade, para lançar o slogan do governo - Brasil, país rico é país sem pobreza -, jargão de gosto duvidoso. Desdisse os ministros Miriam Belchior e Guido Mantega quanto ao corte no PAC. Fez-se de brava. Mas não passou disso.
Os puxões de orelha de Dilma só aparecem em relatos de assessores e asseclas. Ninguém viu, ninguém ouviu. Pior: se aconteceram, não tiveram conseqüência.
Ela teria puxado os lóbulos do ministro da Energia Edson Lobão, que não conseguiu produzir explicação convincente sobre o apagão do Nordeste nem no dia seguinte, nem na semana seguinte, nem até hoje. Lobão continua firme e forte. E quem se lembra que os motivos do apagão não foram fornecidos? Possivelmente nem Dilma.
Dias antes, relatou-se que a presidente perdera a paciência com o ministro da Educação Fernando Haddad pelas sucessivas pisadas no tomate com o Enem e o Sisu. Não há testemunhas do pito. Sabe-se apenas que, sem qualquer bronca, Haddad ainda se dá ao luxo de arrasar o tomateiro ao permitir que faculdades reprovadas no Enade por dois anos consecutivos possam ser credenciadas ao Pró-uni. Um problema que se arrasta desde 2007.
O ministro do Esporte Orlando Silva também teria, dizem, ouvido poucas e boas da presidente. Se assim foi, fez ouvidos moucos. E ainda teve o desplante de classificar como “lacunas e falhas” o desvio de dinheiro público de seus correligionários do PC do B, denunciados por O Estado de S. Paulo. Dilma, de novo, nada disse.
Isso sem contar que após o anúncio de corte de R$ 50 bi, a presidente gestora-mor informou ao respeitável público a criação de mais um ministério e duas estatais.
Mais curioso ainda é ver os confetes por ela defender a liberdade de imprensa. De tão acostumado às ameaças do governo Lula, o país parece não se atinar que liberdade não é concessão de um governante; é princípio e obrigação.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
no Blog do Noblat
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