sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dirceu: EUA ‘manipulam noticiário’ para invadir Líbia



no Josias de Souza

Joel Silva/Folha

Em texto veiculado em seu blog, José Dirceu (PT-SP) acusa os EUA demanipular o noticiário sobre a crise na Líbia para justificar uma invasão militar ao país.
Habituado a ver fantasmas escondidos atrás das manchetes publicadas no Brasil, Dirceu agora identifica uma conspiração de dimensões planetárias. Ele anota:
“Com uma vergonhosa manipulação do noticiário, sustentada pelos meios de comunicação em nível internacional...”
“...Os EUA buscam respaldar uma invasão e ocupação que pretendem fazer na Líbia”.
Numa sucessão de entrevistas, o presidente Barack Obama condenou os ataques patrocinados pelo ditador Muammar Gaddafi contra o povo líbio.
Dirceu, porém, parece descrer da sindiceridade da Casa Branca. Para ele, tudo não passa de “pretexto” para escorar a ação militar na defesa dos “direitos humanos”.
Direitos que, até Dirceu reconhece, “realmente têm que ser respeitados”. Com “rigor”, ele escreve, mas por meio de providências “cabíveis”.
Dirceu se abstem de mencionar as medidas que considera adequadas. Prefere realçar “o vale-tudo” urdido para “justificar” os interesses norte-americanos.
O ex-chefão da Casa Civil de Lula não explica como se processa a “manipulação” da mídia mundial. Ainda assim, acha que a conspiração é clara como água de bica.
Sem entrar em detalhes, Dirceu escreve que a articulação da mídia com Washington “ficou provada [...], com a rede de TV CNN tendo de reconhecê-la”.
Dirceu sustenta que o comportamento dos EUA em relação à Líbia não é o mesmo exibido nas inssurreições que derrubaram as ditaduras da Tunísia e, sobretudo, do Egito, onde houve "um massacre".
Em resposta à crise líbia, argumenta Dirceu, os EUA envolvem a União Européia e a OTAN. Tudo para respaldar a “suposta e provável intervenção” militar.
Algo que, no dizer de Dirceu, “só reafirma e confirma o caráter deliberado e cínico da política externa norte-americana”.
O cinismo, Dirceu explica, reside no fato de que os EUA “preservam os amigos até o último momento - caso do Egito e da Tunísia”.
Porém, “se utilizam, de todos os meios, inclusive manipulando informações, para justificar seus objetivos de controlar a transição ou mesmo o desenlace na Líbia”.
Na opinião de Dirceu, a Casa Branca é movida, por assim dizer, a óleo. “A Líbia tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo”, ele recorda.
“Daí o chamamento dos EUA à União Européia e à OTAN, para estudar uma possível intervenção na Líbia”.
Noutro texto, Dirceu discorre sobre a evolução da inssurreição contra Gaddafi: “Impossível previsão sobre o futuro líbio”, eis o título.
Dirceu acha que pode acontecer de tudo –da guerra civil à “vitória parcial do ditador”. Sim, o grão-petê ainda acredita que Gaddafi pode prevalecer.
Avalia que “a oposição líbia não tem força e, tudo indica, Gaddafi tem mais do que ela”.
Por isso, não descarta “a hipótese de uma vitória parcial e limitada de Gaddafi, que ainda conta com apoio militar e tribal considerável”.
É esse apoio, insiste Dirceu, que explica "a ânsia descarada dos norte-americanos de organizar uma intervenção na Líbia”.
Vem daí também a tentativa de “legitimar" a pretensão bélica "com a manipulação do noticiário”.
Mais um pouco e José Dirceu vai propor a Dilma Rousseff que obrigue o Itamaraty a levar à ONU um projeto de Conselho Internacional de Jornalismo.
Afinal, só o controle social da mídia global pode impedir que Obama trate Gaddafi com semelhante cinismo.

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