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FLÁVIA FOREQUE na folha.com
Em seu discurso de despedida, o senador (PSDB-CE) fez duras críticas ao governo petista e ao presidente Lula, a quem comparou ao personagem Macunaíma, de Mário de Andrade.
"Não me refiro a um vício de personalidade, mas a alguém que apenas transita pelo mundo ao sabor do acaso, sem outro fim ou projeto que não seja o da própria sobrevivência, capaz de tudo para consegui-la.
Lula se vangloria de ter construído o Brasil, assim como Macunaíma se julgava capaz de controlar o universo manipulando monstros e deuses", disse o senador tucano nesta quarta-feira.
Tasso tentou a reeleição ao Senado, mas foi derrotado pelos deputados federais Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), que conquistaram 2,6 milhões e 2,3 milhões de votos, respectivamente. O tucano, que governou o Ceará por três mandatos, obteve 1,7 milhão de votos.
Num discurso de cerca de 40 minutos, Tasso lembrou escândalos da gestão petista e citou episódios como o escândalo do mensalão, a quebra do sigilo do caseiro Francenildo, a máfia das sanguessugas e a saída de José Dirceu e de Erenice Guerra da Casa Civil. "Fica claro que ali, no coração do governo, era onde a serpente punha os ovos", disse o tucano.
Tasso acusou o governo de lotear cargos em troca de apoio no congresso, cooptar centrais sindicais e entidades civis e barrar as investigações das CPIs.
As maiores críticas do tucano, no entanto, foram direcionadas ao próprio presidente da República. "Lula foi uma decepção em vários sentidos. Lula nos decepcionou como político, como liderança comprometida com a ética e com a honestidade, como símbolo da mudança nas relações do governo com a sociedade, do Executivo com os demais poderes e, principalmente, como esperança de algo realmente novo na vida nacional", afirmou.
Durante a campanha, Lula foi o principal garoto-propaganda dos senadores eleitos. O presidente apareceu na televisão pedindo ao eleitor cearense para eleger uma bancada aliada no Senado Federal. "Eu peço ao povo do Ceará, com o respeito e o carinho que eu tenho pelo povo do Ceará, que não permitam que a Dilma passe no Senado o que eu passei. Senadores com ódio, senadores trabalhando para tudo dar errado", afirmou o presidente na propaganda.
Sem citar nomes de partidos ou políticos, Tasso criticou o fato de o presidente ter feito alianças com "gente que ele execrou em público" -- todo o discurso foi acompanhado pelo presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP).
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