quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Lula diz que telegramas vazados pelo Wikileaks são 'insignificantes'



Presidente diz que prefere acreditar em ministro a dar crédito a comunicado de um embaixador americano.


BBC Brasil

Para Lula, comunicados sobre o Brasil não merecem ser levados a sério
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que os telegramas diplomáticos vazados pelo site Wikileaks são "insignificantes" e que não merecem ser "levados a sério".
Desde segunda-feira o site vem divulgando uma série de correspondências realizadas nos últimos com comentários de diplomatas americanos sobre diversos governos, dentre eles o Brasil.
Os documentos trazem, por exemplo, uma descrição da política externa brasileira como "antiamericana", além de críticas à legislação brasileira por não tipificar o crime de terrorismo.
"As coisas que eu vi sobre Brasil são tão insignificantes que não merecem ser levadas a sério", disse o presidente, após participar de um evento no Maranhão.
De acordo com reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, um dos telegramas descreve um almoço entre o embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Segundo o jornal, Jobim teria contribuído para "reforçar" a imagem "antiamericana" da diplomacia brasileiro por meio da afirmação de que o ministro Samuel Pinheiro Guimarães, então secretário-geral do Itamaraty, "odeia os Estados Unidos".
"Não sou obrigado a acreditar num telegrama de um embaixador americano em vez do meu ministro", disse o presidente.
Por meio de nota, Jobim admitiu ter conversado com o embaixador americano sobre Pinheiro Guimarães, mas que na ocasião teria descrito o diplomata brasileiro como um "nacionalista, um homem que ama profundamente o Brasil".
Percepção
O chanceler Celso Amorim também minimizou o teor dos telegramas. Segundo o ministro, que está em visita a Washington, os documentos refletem "percepções subjetivas" da diplomacia norte-americana.
"Muita gente tem percepção formada na Guerra Fria e não percebe um mundo novo, multipolar. Mas isso nao quer dizer que não sejamos amigos dos Estados Unidos", disse o ministro, que está na capital americana para receber um prêmio da revista Foreign Policy como 6º maior pensador global.
Sobre a o encontro entre Jobim e Sobel, Amorim disse que todo desejo de qualquer embaixador é "passar por trás do Itamaraty". "E nós até deixamos e acompanhamos, para ver o que está acontecendo", acrescentou.
O motivo, segundo ele, está no fato de o Ministério das Relações Exteriores ser o "principal guardião" da soberania brasileira.

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