Por SÉRGIO MALBERGIER
Na Folha online
O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, o mais longevo no cargo, é também um dos mais atacados, apesar de ele ser um dos maiores responsáveis pela eficiência dos programas sociais e econômicos do governo, tão defendidos e admirados por seus críticos.
Meirelles cumpriu as metas rígidas de inflação determinadas pelo governo Lula. A inflação média sob FHC foi de 9,1%. Com Lula, está em 5,7%.
A inflação baixa turbinou a renda das famílias, os aumentos reais já generosos do salário mínimo, o caraminguá do Bolsa Família.
Nesta reta pré-eleitoral, ainda teve queda expressiva dos alimentos, aliviando mais os pequenos orçamentos. O preço do feijão carioquinha caiu 47,39% em 12 meses. Produtos como feijão, arroz, carne, ovo, macarrão e óleo de soja tiveram deflação.
Todo final de mês, sobra mais dinheiro para a população de baixa renda, a que mais sofre com inflação alta. Nessa faixa, tão destituída de bens de consumo, cada real a mais que sobra no final do mês depois dos gastos básicos vira gasto extra, movimentando a economia. A tardia ascensão ao consumo desses milhões de brasileiros é nosso único caminho para a prosperidade.
Mas os ataques a Meirelles são incansáveis, talvez pela falta de entendimento ou discurso melhor. De José Serra a José de Alencar, passando por José Dirceu, os críticos do conservadorismo do BC erram, entre muitos motivos, por não levarem em conta causas importantes dessa prudência conservadora: uma economia ainda fechada, pouco concorrencial, com indexações. E forças políticas irresponsáveis.
O conservadorismo na condução econômica, principalmente a monetária, é o que há de mais revolucionário no lulismo (depois do próprio Lula).
Mas o que garante que a fundamental guinada ao centro de Lula e do PT será mantida num eventual governo Dilma? O último dos "lame ducks", o presidente em algum momento começará a perder poder, se já não começou.
Os aloprados em volta dele (e dela) dão sinais de radicalização muito antes de a campanha esquentar. Os projetos enviesados de controlar a mídia e distribuir lucros das empresas por lei, a radicalização patética da política externa, a revisão atabalhoada da anistia e a reunção dos mensaleiros são um verdadeiro coquetel molotov atirado contra a ministra-candidata.
Dilma precisa de uma âncora no lulismo-centrismo.
Meirelles é sua melhor opção.
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