sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Amorim recebe prêmio de Lula no fórum de Davos


Foto por 29.jan.2010/Michael Buholzer/Reuters
Ministro Celso Amorim (dir.) recebe em nome do presidente Lula o prêmio Estadista Global das mãos do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan


Agência Estado

Ministro quebra o protocolo e lê discurso do presidente, que não viajou por estar doente

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, recebeu nesta sexta-feira (29) o prêmio Estadista Global em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não pôde comparecer ao Fórum Econômico Mundial após ter sofrido uma crise de hipertensão na última quarta-feira. O ex-secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, entregou o prêmio ao chanceler brasileiro durante o evento, em Davos, na Suíça.
Pela primeira vez, o Fórum Econômico Mundial quebrou o protocolo e deixou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ler o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de entrega do prêmio Estadista Global. O discurso descreveu os avanços obtidos pelo Brasil nos últimos anos, que permitiram uma recuperação rápida em meio à turbulência global, na avaliação do presidente.

A mensagem do presidente brasileiro a Davos também tratou da necessidade de mudanças na economia global, para evitar novas crises, e de esforços mais fortes pela preservação do meio ambiente.

“O Brasil provou aos céticos que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza”, disse Lula na mensagem lida por Amorim.

Lula avalia que o olhar para o Brasil hoje é muito diferente do que há sete anos, quando esteve pela primeira vez em Davos, logo que chegou ao poder. E que havia dúvidas sobre o operário sem diploma universitário, vindo da esquerda sindical.

No discurso de 2003, Lula frisou que era necessário construir uma nova ordem econômica internacional.
“Sete anos depois posso olhar nos olhos de cada um de vocês e do meu povo e dizer que o Brasil fez a sua parte", diz a mensagem. "Ainda precisamos avançar muito, mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou."

Lula lembrou que 20 milhões de pessoas saíram do estágio de pobreza absoluta em seu governo, enquanto o país reduziu o endividamento externo e se tornou credor do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para Lula, o Brasil caminha para se tornar a quinta economia mundial.

O prêmio Estadista Global, concedido pela primeira vez pelo Fórum Econômico Mundial, foi entregue pelo ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan ao ministro Amorim, que representou Lula.

Lula faz crítica capitalismo

O discurso também trouxe críticas ao capitalismo financeiro e à defesa do papel do Estado na economia. O presidente avalia que o principal fator que ajudou o Brasil no combate à crise foi o modelo econômico de incentivo ao crédito e ao consumo e de redução de impostos, reforçado durante a turbulência.

Lula, conforme as palavras lidas por Amorim, pediu uma mudança profunda na ordem econômica, de forma a privilegiar a produção e não a especulação. Segundo ele, os governos devem recuperar o seu papel original, que é o papel de governar. "É hora de reinventar o mundo e suas instituições."

O presidente brasileiro também mandou uma mensagem de frustração com o cenário mundial.

"Os desafios do mundo são maiores que os enfrentados pelo Brasil. O mundo precisa de mudanças mais profundas e complexas."

De acordo com ele, Copenhague foi um exemplo, já que a humanidade perdeu uma oportunidade de avançar na preservação ao meio ambiente.

"Espero que cheguemos com espíritos desarmados (na próxima reunião) no México".

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