Por Rudolfo Lago
Do Congresso em Foco
“Quando perdeu aquela eleição para Fernando Collor, Lula percebeu que não tinha o apoio das camadas mais baixas da população. E passou a perseguir esse apoio de forma obsessiva”
Quem leu o noticiário da semana passada a respeito do recente artigo que André Singer escreveu sobre Lula deve ter ficado com a impressão de que o ex-porta-voz da Presidência da República resolveu cair de pau em cima do seu antigo chefe. As matérias dos jornalões citavam apenas que, na visão de Singer, o fenômeno do “lulismo” tinha raízes conservadoras e despolitizantes. Ou seja: passavam a impressão de que Singer considerava que Lula ia se transformando em mais um ditador populista latino-americano. Aviso aos navegantes desses complexos mares brasileiros: não é nada disso.
Ainda que as afirmações acima sobre o lulismo constem de fato do artigo de Singer, elas estão longe de levar à conclusão de que Lula adota uma postura autoritária, ou queira resvalar para isso, na linha de um Hugo Chávez ou coisa que o valha. O que Singer, que além de ter sido o primeiro porta-voz do governo Lula é um respeitado cientista político, tenta nesse artigo é entender como Lula conseguiu se tornar esse impressionante fenômeno que é. Como é que ele conseguiu adicionar à imagem de ícone da esquerda que ele já tinha um importante bloco de eleitores mais conservadores.
Eleitores que ficam na camada social mais baixa da população, uma parcela que Singer chama de “subproletariado”, uma camada politicamente desorganizada, avessa a idéias revolucionárias, mas simpática – até porque são os principais beneficiários disso – a transformações sociais que aumentem o seu poder de compra, mas sem ameaçar a ordem estabelecida. O que Singer tenta, no seu artigo Raízes sociais e ideológicas do lulismo, publicado na última edição da revista Novos Estudos, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), é mostrar como Lula, no seu governo, agregou esse grupo e tornou-o a sua principal base de sustentação de forma democrática, com ações políticas e de governo. E não com gracejos autoritários, como alguns textos do noticiário publicado sobre o artigo fazem crer. Leia na ÍNTEGRA http://congressoemfoco.ig.com.br/coluna.asp?cod_publicacao=31438&cod_canal=14
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