terça-feira, 20 de julho de 2010

Ex-ditador é eleito no Suriname

Reuters - O Estado de S.Paulo

PARAMARIBO
O ex-ditador Desi Bouterse, de 64 anos, foi eleito ontem presidente do Suriname. Ele obteve o voto de 36 parlamentares de um total de 51. Bouterse enfrenta um julgamento pela execução sumária de um grupo de 15 opositores, em 1982, e foi condenado à revelia a 11 anos de prisão por tráfico de cocaína na Holanda, em 1999. Ele foi protagonista de duas tentativas de golpe no país - uma em 1980 e outra em 1990.

Apesar dos apelos de ONGs de defesa dos direitos humanos, a coalizão de Bouterse venceu as eleições legislativas de maio, elegendo 23 deputados. Apesar de não ter obtido maioria no Parlamento, ele conseguiu um acordo com seus inimigos políticos que abriu caminho para sua volta à presidência.

Depois de deixar o poder pela porta dos fundos, em 1988, Bouterse se reinventou, construindo uma imagem de "pai dos pobres". Seu guru político é o presidente venezuelano, Hugo Chávez, a quem diz admirar.

Uma de suas promessas de campanha foi a de dar um computador para cada criança surinamesa - ainda que muitas partes do país não tenham rede elétrica. Bouterse prometeu também buscar um relação estratégica com Brasil e China durante seu governo.

O passado de Bouterse, no entanto, ainda pesa, principalmente para os holandeses, que foram colonizadores do país até a independência do Suriname, em 1975. "Ele (Bouterse) só será bem-vindo na Holanda para cumprir sua pena", disse Maxime Verhagen, chanceler holandês. Ele afirmou que manterá relações com a ex-colônia apenas por "necessidades funcionais". "Não podemos ignorar o fato de ele ter sido condenado a 11 anos por tráfico de drogas."

Para lembrar
Em 1999, Desi Bouterse foi condenado por tráfico de drogas - ele teria levado 1,3 tonelada de cocaína para a Holanda entre 1988 a 1995. O "Suricartel", como ficou conhecido o esquema, tinha conexões com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Brasil. A pedido dos holandeses, a Interpol emitiu um mandado de prisão contra ele. Durante muito tempo, deixar o país foi tarefa quase impossível para Bouterse. Agora, protegido pela imunidade do cargo, a vida deve ser menos complicada.

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