Com empresariado dividido entre Serra e Dilma e com Paulo Skaf tentando o governo do Estado pelo PSB, entidade sequer preparou propostas
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), principal entidade do empresariado paulista, sumiu do cenário eleitoral. A entidade não terá nenhum debate ou encontro público com os candidatos, não dispõe de datas para receber os presidenciáveis e nem vai entregar propostas para os candidatos. Por enquanto, o único projeto é a entrega de propostas depois da eleição, para o presidente eleito, no dia 8 de novembro. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) já promoveram debates e encontros com os presidenciáveis.
"De todas as eleições que presenciei, nunca vi a Fiesp tão pouco engajada como agora, não há envolvimento em torno de uma candidatura presidencial", disse ao Estado um destacado integrante da Fiesp. Para alguns empresários, isso mostra a menor relevância política da Fiesp de hoje, depois de, no passado, a entidade ter influenciado inúmeras eleições. Lembram, também, a força do então presidente da Fiesp, Mario Amato, que afirmou em 1989 que 800 mil empresários iriam deixar o País se Lula ganhasse a eleição.
Muitos acusam Paulo Skaf, que se licenciou da presidência da entidade para concorrer ao governo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), de ter usado a Fiesp para ganho político e, agora, deixá-la "acéfala", como disse o consultor empresarial e ex-deputado federal Emerson Kapaz. "O envolvimento direto de Paulo Skaf como candidato ao governo desmobilizou a liderança da entidade, a Fiesp ficou acéfala", diz Kapaz, que se candidatou à presidência da federação em 1992. Skaf deixou-a no fim de maio para concorrer ao governo pelo PSB e foi substituído pelo empresário Benjamin Steinbruch, que ali trabalha apenas meio período.
Skaf não quis dar entrevista sobre a Fiesp. Segundo ele, por estar licenciado da presidência, não é apropriado falar dela. Atualmente, o candidato do PSB tem 2% das intenções de voto para o governo de São Paulo, segundo pesquisa do Ipesp realizada entre 9 e 11 de junho. Ele está em quarto lugar, atrás de Geraldo Alckmin (PSDB), com 50%, Aloizio Mercadante (PT) com 17% e Celso Russomanno (PP) com 12%. "A maioria da Fiesp está com o Alckmin, pouca gente vai votar no Skaf porque é difícil um empresário se identificar com o programa do Partido Socialista Brasileiro", observa um diretor da entidade.
Divididos. Segundo outro integrante da Fiesp, a entidade está muito "apática" e um dos motivos é a divisão dentro das hostes empresariais - muitos apoiam o candidato do PSDB à presidência, José Serra, mas uma grande parte vai votar na candidata do PT, Dilma Rousseff, porque quer continuidade. "As pesquisas estão muito apertadas, ninguém quer se posicionar."
A assessoria da Fiesp afirma que a entidade não está nem mais nem menos engajada do que em outras eleições. E diz que cancelou um evento de entrega de propostas aos candidatos ao saber que ele seria realizado no mesmo dia do debate da CNI.
José Ricardo Roriz Coelho, diretor de competitividade, afirmou que as áreas técnicas da entidade estão preparando material com a posição da indústria e contactando as campanhas, para entregar depois da eleição. "Convocar debate não é muito útil, eles vão ficar fazendo proselitismo, falando para a mídia, e não discutir propostas", diz.
O Movimento Brasil Eficiente, composto por várias entidades, organizou um evento para apresentar propostas de reforma tributária e de corte de gastos públicos. O candidato a vice na chapa de Serra, Índio da Costa, foi convidado, mas acabou não indo, após polêmica de suas declarações ligando o PT às Farc. Participaram o cineasta Luís Carlos Barreto, como empresário próximo ao PT, e Rodrigo Maia, presidente do DEM.
Carlos Schneider, coordenador da organização, criou o Movimento por achar pouco eficiente cada entidades criar suas propostas, muitas vezes conflitantes. "É menos eficiente quando a Fiesp faz uma coisa, a CNI outra, a Fierj outra", diz Schneider.
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