Fábio Campana
Osmar Dias, candidato ao governo do Paraná pelo PDT, se aliou em 2010 aos seus mais violentos adversários de 2006 – Roberto Requião e o Partido dos Trabalhadores. Nessa reviravolta o senador não se limitou a conviver de forma carinhosa com seus inimigos de ontem, também está adotando como suas as táticas e até os golpes baixos que foram usadas contra ele naquela campanha.
As mesmas denúncias usadas contra Osmar na campanha passada agora são usadas contra Beto Richa, seu adversário do PSDB. Entre elas está a que tenta grudar no adversário o carimbo de “privatista”, que estaria planejando vender os estatais e ativos paranaenses.
Essa “denúncia” foi usada com insistência contra o próprio Osmar em 2006, quando o senador teve como adversários seus hoje aliados Roberto Requião e o Partido dos Trabalhadores. A acusação que Osmar seria “privatista” faz parte até de um panfleto que circulou em impressos e pela internet contra o senador em 2006, intitulado “15 Razões para você não votar em Osmar Dias”.
A “razão” de número 3 é exatamente a que acusa o senador e os seus aliados implantar o pedágio de tramar o desmonte do Estado, de tentar vender a Copel e a Sanepar. “Quem traiu o Paraná votou pela privatização do Banestado, deixou pedagiar as rodovias e tentou vender a Copel”, disse Osmar sobre Beto, dias atrás, repetindo, quase com as mesmas palavras, o que Requião e o PT diziam dele mesmo em 2006.
O fato de Osmar retomar as denúncias que sofreu em 2006, agora na condição de acusador, assumindo como seus os argumentos usados contra ele próprio, deveria ser, no mínimo, constrangedor. O comportamento de Osmar Dias nesta campanha indica, segundo comentários irônicos correntes nos meios políticos, que o senador sucumbiu a versão mais grave da “Síndrome de Estocolmo”, aquela em que uma vítima de seqüestro procura ganhar a simpatia do seqüestrador através da identificação. Neste caso a vítima de 2006 [Osmar] não apenas se identifica com seus antigos carrascos como vai além e começa usar contra aliados de ontem as armas e as agressões que foram usadas contra ela.
Em 2006, além de ser acusado de se aliar aqueles que criaram o pedágio e que pretenderiam privatizar empresas paranaenses, Osmar foi vítima, por parte de seus parceiros de hoje, em especial do ex-governador Roberto Requião, de graves acusações que atingiram sua honra. Entre elas a de ter enriquecido ilicitamente. Requião acusou Osmar de ter subfaturado em sua declaração de bens fornecida ao TRE uma fazenda que possui no Tocantins – a Lagoa da Prata, localizada em Formoso do Araguaia, com 8.325 hectares. Segundo Requião, a propriedade, que Osmar teria comprado do Bradesco, valia R$ 30 milhões, mas havia sido registrada pelo senador por apenas R$ 2,5 milhões.
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