Em apenas seis meses, a dívida interna do governo em títulos subiu R$ 118 bilhões, atingindo R$ 1,51 trilhão em junho de 2010. Foi o maior aumento verificado no primeiro semestre durante os oito anos dos dois mandatos do governo de Luiz Inácio Lulada Silva.
O salto no endividamento federal este ano foi puxado pelo empréstimo de R$ 80 bilhões concedido este ano pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O empréstimo foi feito com emissão de títulos do Tesouro e será pago em 40 anos.
O crescimento da dívida nos primeiros seis meses do ano já se aproxima ao total do aumento de R$ 134 bilhões verificado ao longo de todo o ano passado, quando o Tesouro também fez um empréstimo de R$ 100 bilhões ao BNDES. Mas, em 2009, o impacto do empréstimo foi menor no estoque da dívida porque o Tesouro fez resgate líquido de títulos, ou seja, vendeu um volume menor de papéis do que resgatou. Em 2010, ao contrário, o Tesouro emitiu novos papéis em volume maior do que resgatou.
O aumento da dívida interna contribuiu para o crescimento da Dívida Pública Federal (DPF), que inclui a dívida interna e externa. A DPF subiu R$ 115 bilhões no ano e fechou o ano em R$ 1,61 trilhão. Por outro lado, a dívida pública externa caiu R$ 3 bilhões. Conforme as metas do Tesouro traçadas para este ano, o estoque da DPF poderá chegar em dezembro a um patamar mínimo de R$ 1,6 trilhão e máximo de R$ 1,73 trilhão.
Para o coordenador de operações da dívida pública do Tesouro Nacional, José Franco de Morais, o crescimento do estoque da dívida mobiliária neste ano não é preocupante. Ele reconheceu que a emissão de R$ 80 bilhões para o BNDES teve um impacto na dívida, mas ressaltou que a operação já estava previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF), documento que contém a estratégia e metas de financiamento da dívida.
Franco considerou que a gestão da dívida no semestre foi em linha com a estratégia estabelecida no início do ano, mesmo em um ambiente em que houve alguma instabilidade internacional devido à crise na Europa que deixou o mercado mais tenso e provocou aumento no custo para o Tesouro vender papéis.
Apesar de o crescimento da dívida no primeiro semestre, os dados do Tesouro, divulgados ontem, mostraram que a dívida interna em títulos fechou o mês de junho com um perfil melhor do que no fim do ano passado. A parcela atrelada a papéis prefixados (com taxa definida no momento do leilão) subiu para 35,27% do total da dívida.
Estrangeiros. O coordenador de operações informou que a participação de estrangeiros na dívida interna voltou a bater recorde e atingiu em junho 9,35% do estoque total. Em maio, essa participação estava em 8,95%. Segundo Franco, o aumento da participação dos estrangeiros reflete a estabilidade e os fundamentos econômicos do País, o que, especialmente em um ambiente de instabilidade internacional, atrai os investidores externos.
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