terça-feira, 31 de maio de 2011

Editoriais = Folha de S.Paulo - O arraial tucano


A convenção tucana do final de semana expôs um quadro lamentavelmente claro do desarranjo atual de forças no PSDB, principal partido de oposição no Brasil.
O senador Aécio Neves (MG) impôs uma derrota ao grupo de José Serra (SP) na primeira batalha da guerra interna para definir quem disputará a Presidência da República, dentro de três anos.
Serra, na realidade, não saiu menor do que entrou no evento tucano. O espaço do ex-governador de São Paulo dentro do partido já havia sido muito reduzido após o pleito presidencial de 2010.
Aécio consolida assim, num primeiro momento, a tomada de comando de uma "nova geração" dentro do PSDB. Isso não significa, como é óbvio, que os caminhos de 2014 estejam definitivamente traçados para a oposição. É usual da política que o derrotado de hoje seja o celebrado de amanhã, como demonstra a trajetória de Geraldo Alckmin, esmagado em 2008 e de novo influente no partido.
É representativo do estado das coisas no campo oposicionista que o grande suspense tenha sido a definição sobre quem comandaria o Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão quase sem expressão. A decisão de negar a Serra a chefia do ITV, já recusada pelo próprio alguns meses atrás, ganhou relevância só nas fileiras do partido.
Obcecados com seus projetos personalistas, os tucanos parecem ter perdido de vista o mundo real, em que o país carece de projetos e a presidente Dilma Rousseff enfrenta a sua primeira crise.
O governo federal atravessa um período delicado. Sofreu uma grande derrota no Congresso, na votação do Código Florestal. O principal parceiro da coalizão, o PMDB, foi um dos artífices da derrocada, e as tratativas deram-se na base de gritos e ameaças de ambos os lados. Para completar, o ministro mais poderoso, o articulador-mor Antonio Palocci, complica-se ao não elucidar seus milionários serviços de consultor.
Era o momento de o PSDB vir a público com um programa alternativo e forte. Em vez disso, aecistas, serristas e alckmistas tentam dar demonstrações de unidade em público, mas se digladiam nos bastidores, com o que desperdiçam a oportunidade de exercer o papel que se espera da oposição.

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