quinta-feira, 22 de julho de 2010

Venezuela rompe relações com Colômbia por acusações de apoio à guerrilha

Na Folha.com

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rompeu as relações com a Colômbia diante das acusações de que o país abriga acampamentos de guerrilheiros colombianos.

"Nós não temos outra escolha se não, por dignidade, romper nossas relações com nossa nação irmã da Colômbia", disse Chávez, em aparição ao vivo na televisão.

A Venezuela já "congelara" no ano passado todas as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia, em protesto contra um acordo militar entre Bogotá e Washington, que Chávez vê como uma ameaça à sua soberania.

As relações ficaram ainda mais estremecidas com a denúncia do presidente colombiano, Alvaro Uribe, que está nas últimas semanas de mandato, de que Chávez abriga guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e Exército de Libertação Nacional (ELN) na Venezuela.

Entre os guerrilheiros, estariam o líder das Farc, Iván Márquez, o chamado chanceler Rodrigo Granda, e o líder do ELN Carlos Marín Guarín, conhecido como Pablito.

Chávez disse durante a semana que esperava retomar as conversações com o país vizinho depois da posse de Juan Manuel Santos como presidente da Colômbia, em 7 de agosto. Apesar de ser sucessor do popular Uribe, Santos adotou um discurso de reaproximação com Chávez. O venezuelano disse, contudo, que não irá à posse do novo colega por motivos de segurança.

PROVAS

Nesta quinta-feira, em sessão extraordinária da OEA (Organização dos Estados Americanos), a Colômbia exibiu fotos, vídeos e testemunhos que provariam a presença de ao menos 87 acampamentos e 1.500 guerrilheiros protegidos em solo venezuelano.

O embaixador da Colômbia no órgão, Luis Alfonso Hoyos, afirmou que os acampamentos não são novos "e continuam se consolidando".

"Não são [apenas] casas. São ao menos 87 estruturas completamente armadas em território venezuelano".

Em seu discurso, que também contou com fotos e imagens aéreas, Hoyos se concentrou nas informações sobre quatro localidades, que abrigariam os acampamentos nomeados Ernesto, Berta, Bolivariano e Jesus Santrich, situados 23 quilômetros para dentro do território venezuelano.

A Venezuela negou nesta quinta-feira as acusações e alegou que as fotos aéreas mostradas como provas foram tiradas em território colombiano.

"Uma das imagens onde se mostra Pablito em uma suposta praia venezuelana, a cor da areia me faz pensar que é mais parecida com a praia de Santa Marta [na Colômbia], grata cidade porque foi onde morreu nosso libertador. Além disso, a cor do céu e das flores são muito parecidas e isso pode ser tanto na Colômbia quanto na Venezuela", defendeu o embaixador venezuelano na OEA, Roy Chaderton.

OBSESSIVO

Em resposta às acusações da Colômbia durante a reunião da OEA, Chávez afirmou que o presidente colombiano, Álvaro Uribe, é "mentiroso" e "mafioso".

Chávez defendeu nesta quinta-feira seu país dizendo que Uribe é "um mentiroso, obsessivo, mafioso, se presta a qualquer jogada, é capaz de qualquer coisa e instalou um governo de máfias, triste e lamentavelmente para este povo querido e irmão e para seus vizinhos que somos nós".

Citado pelo jornal "El Universal", o líder da Venezuela argumentou que as supostas provas de que o país abrigue guerrilheiros colombianos são "invenções".

"Lá [na Colômbia], se inventaram falsos indícios [com pessoas] que foram capturadas pelas forças militares da Colômbia e os levaram a uma montanha, os mataram, e depois de tê-los matado nos bairros pobres de Bogotá e Medellín, os vestiram com uniformes militares", acrescentou.

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