sexta-feira, 25 de março de 2011

Editorial Econômico - O Estado de São Paulo = Dívida pública federal sobe mais do que a inflação



O estoque da dívida pública federal (externa e interna) cresceu 2,63% em fevereiro, com a externa apresentando redução de 0,81% e a interna, aumento de 2,82%, mais do que a inflação do mês - indício de que a necessidade de financiamento do setor público está aumentando, mesmo com uma política econômica que se diz austera.
Diversos fatores estão contribuindo para isso, desde a elevação da taxa Selic e da inflação até a pequena desvalorização da moeda nacional em relação ao dólar. Todavia, o fator principal é a necessidade de cobrir grande parte dos juros mediante nova emissão de papéis da dívida. No caso da dívida externa, cuja emissão líquida foi inferior aos resgates, R$ 241,85 milhões destinaram-se ao pagamento do principal e R$ 534,54 milhões, aos juros, ágios e encargos - o que mostra claramente o alto custo dessas operações. No caso da dívida interna, numa emissão total, em fevereiro, de R$ 33,788 bilhões, 48% foi relativa à colocação de títulos para pagar juros, evidência de que urge aumentar o superávit primário para reduzir o impacto do pagamento dos juros sobre o aumento da dívida.
Uma maior pressão do Tesouro para captação de recursos normalmente se traduz por uma elevação do custo dessa captação. Em fevereiro isso ficou evidente. No caso da dívida externa, tivemos de enfrentar as consequências, de um lado, da deterioração da situação econômica em alguns países (Europa e Ásia) e, de outro, os efeitos da inflação interna. O custo médio acumulado nos últimos 12 meses passou de 0,53%, em janeiro, para 3,14%, no mês seguinte. Não foi apenas efeito da desvalorização do real no período, mas também da maior exigência e da retração dos investidores, que levaram a esse aumento importante do custo da dívida.
No caso da dívida interna, esse custo passou de 11,90% para 12,07%, como consequência da elevação da taxa Selic e dos índices de inflação. O Tesouro Nacional incluiu uma informação nova nas suas estatísticas: a especificação dos grupos de detentores dos títulos da dívida interna. Em fevereiro as instituições financeiras aumentaram sua participação, que atingiu 29,4%; os fundos de investimentos praticamente mantiveram a sua parte (26,6%); o setor da Previdência aumentou ligeiramente sua participação para 14,7%; houve um recuo dos não residentes (de 11,8% para 11,4%); o governo mantém sua presença com 10,7%; as seguradores acusam ligeiro recuo; enquanto os outros, essencialmente pessoas físicas, tiveram sua participação reduzida de 3,9% para 3,3%. 


Um comentário:

  1. Um dos editoriais mais importantes que tenho visto nos ultimos anos e ninguém comenta, por quê?

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