sexta-feira, 25 de março de 2011

Sob pressão, cai presidente da Caixa


Desgaste de Fernanda começou com o caso Panamericano, mas ela saiu após trombar com Palocci por causa de nomeações políticas

Fabio Graner / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Após o desgaste político provocado pela descoberta, em novembro do ano passado, da fraude contábil envolvendo o banco Panamericano - cuja participação de 49% foi comprada em novembro de 2009 -, Maria Fernanda Coelho caiu ontem da presidência da Caixa Econômica Federal.
O empurrão final para a queda, depois de cinco meses de questionamentos em relação ao negócio, foi a trombada com o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, por causa do preenchimento de diretorias da Caixa com políticos aliados do Planalto. Maria Fernanda será substituída pelo vice-presidente de governo da Caixa, Jorge Hereda, nome ligado ao PT.
Além da troca no principal posto da instituição, foram promovidas mudanças nas vice-presidências, preenchidas por técnicos, mas também pelo peemedebista Geddel Vieira Lima, o que desagradou a ex-presidente.
A Caixa comprou parte do Panamericano em novembro de 2009. A saída de Maria Fernanda ocorre depois da descoberta da megafraude no balanço do banco, que teve de ser salvo pelo Fundo Garantidor de Crédito. À época, ela foi mantida no cargo a pedido do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
No entanto, fontes do governo disseram ao Estado que ela saiu porque quis. Apesar dessa versão, o desejo de sair que vinha sendo manifestado por Maria Fernanda foi alimentado pelo forte desgaste provocado pela operação do Panamericano.
Como se sabe, por muito pouco a Caixa não teve um enorme prejuízo com a aquisição de uma instituição que quase foi liquidada, o que redundou em duros comentários e questionamentos sobre a competência dela. O argumento usado pelas fontes para desvincular a saída dela da operação do Panamericano é que o vice-presidente de Finanças da instituição, Marcio Percival, responsável direto pela transação, continua exatamente onde está.
Minha Casa. As mudanças no comando da Caixa, apesar da acomodação política, também mostram disposição de reforçar a atuação do banco no programa Minha Casa, Minha Vida, segundo avaliações de fontes do governo ao Estado. A nomeação de Jorge Hereda - que já foi secretário nacional de Habitação e coordenou o Minha Casa, Minha Vida na Caixa como vice-presidente de governo - e de José Urbano Duarte - um superintendente e funcionário de carreira da Caixa que atuou na linha de frente da implementação do principal programa habitacional do governo - para a vaga de Hereda são indicativos fortes nessa direção.
Entre as mudanças nos cargos de comando do banco, uma das inesperadas foi a saída de Clarice Copetti, vice-presidente de Tecnologia. Uma fonte disse que ela tinha problemas de relacionamento com Hereda e, com ele na presidência, a saída de Clarice seria natural. Outra fonte, contudo, afirmou que havia insatisfação com a área de tecnologia, considerada problemática. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário