terça-feira, 1 de junho de 2010

Militares de Israel admitem erros em operação a navios com ajuda

DAN WILLIAMS - REUTERS

Inteligência falha, equipamentos e táticas erradas. Os militares de Israel reconheceram na terça-feira ter cometido grandes erros na abordagem desastrosa de um barco de ajuda humanitária com destino a Gaza, na qual tropas de elite mataram nove ativistas internacionais.

Embora os israelenses tenham tomado partido de seus militares perante a fúria estrangeira, a recriminação doméstica --com as palavras "Fiasco" e "Desordem" dominando as manchetes dos jornais-- revelou uma erosão na confiança que fez lembrar os reveses sofridos na guerra do Líbano de 2006.

Um comentarista israelense pediu a saída do ministro da Defesa, Ehud Barak. Integrantes do governo prometeram investigar o caso, mas a insistência deles de que os ativistas pró-palestinos teriam provocado a violência encontrou ouvidos entre o enraivecido público israelense.

Os fuzileiros navais envolvidos no ataque apontaram para uma falha na inteligência.

"Não esperávamos tal resistência dos ativistas do grupo, pois se tratava de um grupo de ajuda humanitária," disse o comandante do grupo que embarcou no navio, um tenente não identificado à rádio do Exército.

"O resultado foi diferente do que havíamos pensado, mas devo dizer que isso ocorreu principalmente por causa do comportamento inapropriado do adversário que encontramos."

Embora a quarentena imposta pela polícia de Israel aos ativistas do Mavi Marmara tenha impedido a divulgação de testemunhos do outro lado, um vídeo gravado por um dos passageiros da embarcação invadida mostrou dois fuzileiros navais sendo agredidos com um porrete e esfaqueados.

Os militares israelenses também divulgaram uma filmagem especial para a noite de meia dúzia de soldados lutando com cerca de 30 ativistas.

As imagens provocaram sentimentos de incredulidade e vergonha em Israel. Lendários pela exploração sigilosa do mar, os combatentes que invadiram o barco Mavi Marmara pareciam despreparados para o confronto corpo a corpo --estavam em desvantagem numérica, quase foram derrotados, embora representassem uma força militar superior.

Jason Alderwick, especialista do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos de Londres, culpou os fuzileiros navais por não tomarem a embarcação de forma mais eficiente.

"O sucesso começa com planejamento e inteligência apropriada, e eles já haviam entrado em barcos daquele tipo antes," disse ele. "Desta vez, eles não entraram com a força suficiente, rápido o bastante e em número suficiente para estabelecer o controle total."

Alguns dos soldados portavam fuzis de paintball --armas não letais destinadas a ferir, a revidar e a marcar os suspeitos para prisão posterior, mas que acabaram se provando de uso limitado contra os ativistas que tinham coletes salva-vidas e máscaras de gás.

"Está claro que o equipamento para dispersão de multidão que usavam era insuficiente," disse o chefe das Forças Armadas de Israel, o tenente-general Gabi Ashkenazi, a jornalistas.

Não havia como abortar a operação uma vez que os primeiros israelenses entraram em combate e ficaram vulneráveis, embora a Marinha tenha dito que alguns soldados optaram por fugir pulando no mar.

Israel informou que sete fuzileiros navais foram feridos, um deles depois que ativistas o jogaram contra uma grade e dois que foram baleados.

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