BRASÍLIA - Coube ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a articulação final que desmontou a tentativa de aliança entre o candidato tucano José Serra e o senador Osmar Dias, do PDT do Paraná, tornando-o candidato ao governo do Estado, numa coligação que envolve também o PT e o PMDB. Lula aproveitou a ríspida reação do DEM à escolha de Álvaro Dias (PSDB) - irmão de Osmar - para o cargo de vice de Serra como forma de fortalecer os argumentos que acabariam por demover o pedetista de ficar ao lado dos tucanos. Por telefone, o presidente lembrou na terça-feira a Osmar que há um ano e meio a coligação com os petistas vinha sendo costurada. Por essa causa, Lula cancelou a viagem que faria a Pernambuco na terça, preferindo ficar em Brasília.
No início da tarde de terça-feira, quando o presidente percebeu que a reação do DEM à escolha de Álvaro era cada vez mais forte, ele despachou o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para o Paraná. Lupi, também presidente do PDT (embora licenciado, é ele quem manda no partido), encontrou-se com Osmar por volta das 19 hs. Às 21 hs, Osmar anunciou que seria mesmo o candidato da aliança pró-Dilma Rousseff, a candidata de Lula.
Mesmo assim, Lupi não se desgrudou de Osmar. Continuou conversando com irmão de Álvaro Dias até por volta de 1 hora da manhã. Para se prevenir, ele decidiu permanecer em Curitiba durante toda a quarta-feira, 30. Contou a alguns ministros o que estava fazendo. Na conversa com o presidente Lula, disse que estava tudo certo. Mas que o presidente precisava "dar uma mãozinha", indo até o Paraná conversar com Osmar Dias.
Lula concordou. Como está de viagem marcada para a África a partir de sexta, com retorno no dia 12, o presidente disse que visitará o candidato pedetista assim que retornar do continente africano. Osmar quer a garantia de Lula de que sua aliança não sofrerá ataques por parte de petistas mais radicais, que costumam agredir as coligações com os aliados. E de que o presidente o ajudará, pedindo votos para ele ao mesmo tempo que para Dilma Rousseff.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que a decisão tomada por Osmar Dias acabou por consolidar de vez a aliança PDT/PMDB/PT no Paraná. Os candidatos ao Senado nessa coligação serão o ex-governador Roberto Requião, do PMDB, e a petista Gleise Hoffmann.
"Há um ano e meio nós costuramos essa aliança. Isso torna muito forte a chapa do senador Osmar Dias. Para tanto, contamos com a compreensão do governador Orlando Pessuti (PMDB), que abriu mão de sua candidatura para apoiar Osmar Dias."
Nas conversas com os governistas, Osmar Dias teria contado que seu irmão Álvaro - com o qual tem um acordo de não se bater em disputas no Estado - o avisou de que estava sendo rifado nas conversas entre o candidato José Serra e a cúpula do DEM. E que, por volta das 20h40, teria comunicado a Osmar Dias que não seria mais candidato a vice de Serra, liberando-o para disputar a eleição, agora ao lado da petista Dilma Rousseff.
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