Na Folha.com
A alta cúpula do DEM se reuniu ontem no apartamento do presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), e decidiu fazer um recuo a respeito das críticas à escolha do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como candidato a vice na chapa encabeçada pelo tucano José Serra. Os dirigentes demistas agora devem baixar o tom em público.
A ideia é tentar uma saída política até depois de amanhã, dia 30 de junho --data limite para a formalização de alianças eleitorais e também quando o DEM realiza sua convenção nacional.
Na última sexta, eclodiu uma crise entre DEM e PSDB. Depois de um longo processo de negociação, os tucanos anunciaram a escolha de Dias como candidato a vice.
A decisão veio a público por meio de uma declaração de Roberto Jefferson, do PTB.
O DEM reagiu em peso. Vários líderes passaram a dar entrevista sugerindo o rompimento da aliança nacional. Consideram-se preteridos.
Jefferson aumentou a temperatura fazendo um xingamento no Twitter. "O DEM é uma merda", escreveu. Depois, apagou a nota.
POUCA OPÇÃO
Ontem, a direção do DEM continuou achando que o processo de escolha de Dias foi ruim. Mas vários integrantes contemporizaram. Avaliam não haver muita escolha para o partido, uma sigla de centro-direita e aliada quase sempre ao PSDB.
Se não aceitar a coligação com o PSDB, o DEM terá o seu tempo de rádio e de TV dividido proporcionalmente entre todos os candidatos.
Dessa forma, nas contas anunciadas ontem na reunião, a candidata ao Planalto pelo PT, Dilma Rousseff, ficaria com 61% do tempo demista. Serra receberia só 29%.
Entre os que defenderam uma saída política --mantendo o apoio formal a Serra-- estavam o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), o deputado federal ACM neto (BA) e o ex-presidente nacional da legenda Jorge Bornhausen.
Os mais radicais a favor de romper com Serra caso Dias não saia foram Rodrigo Maia, o deputado Ronaldo Caiado (GO) e Vic Pires (PA).
Ao final, todos concordaram em recuar a respeito de fazer críticas públicas. Caberá a Rodrigo Maia buscar saída honrosa para continuar dando apoio a Serra.
Ainda não está claro qual será essa saída. Apesar de a temperatura ter sido menor ontem, dirigentes tucanos dizem ser inviável a retirada de Alvaro Dias da vaga de vice.
Os demistas ouvidos pela Folha continuam dizendo, embora de maneira reservada, que não aceitam Dias. Rodrigo Maia, porta-voz do encontro, disse: "Nada mudou. Unidade em defesa do partido, sem querer nenhum estresse ou pressão. Esse é o caminho natural [indicar nome para vice na convenção]. E tudo que é natural é fácil de ser explicado".
A eventual "saída honrosa" para o DEM seria algum gesto da direção do PSDB ou do próprio Serra. O discurso a ser adotado deve ser sobre manter a unidade em favor do projeto comum de poder.
O deputado Juthay Júnior (PSDB-BA), um dos articuladores políticos de Serra, disse: "Tenho a esperança de que o DEM, em sua maioria, compreenda que a escolha do Alvaro é a que melhor agrega apoio político e eleitoral à candidatura".
Pivô da crise, Dias disse ter telefonado para "vários" demistas no fim de semana. "Não me cabe nessa hora, até porque eu acabo sendo suspeito, não cabe a mim propor caminhos. O que eu tenho que fazer é exatamente mostrar respeito por eles, mostrar que o partido tem valor e que eu tenho exata noção da importância do partido", afirmou Dias.
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