Segundo ministro Edison Lobão, governo trabalha com várias alternativas e a questão será resolvida ''dentro de pouco tempo''
Renato Andrade e Karla Mendes - O Estado de S.Paulo
A Vale e a Alcoa podem assumir a participação da Gaia Energia na sociedade que irá administrar a hidrelétrica de Belo Monte (PA). As negociações para encontrar um substituto para a empresa do Grupo Bertin se intensificaram há duas semanas, depois que a diretoria da companhia anunciou a saída do projeto.
"Temos muitas alternativas. Isso vai ser resolvido dentro de pouco tempo", afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A expectativa é de que o substituto seja conhecido na segunda quinzena do mês.
A Gaia Energia dividia com a siderúrgica Sinobras a parcela de 10% do empreendimento destinada aos chamados autoprodutores de energia, que são empresas que entram como sócias de hidrelétricas para usarem parte da eletricidade a ser produzida em suas fábricas.
O interesse principal do governo é colocar no lugar da Gaia uma empresa com esse perfil. Na semana passada, a Vale confirmou que estava fazendo uma análise "técnica e econômica" do projeto de Belo Monte. A usina, que será construída no rio Xingu (PA), terá capacidade de produzir até 11.233 megawatts (MW) de eletricidade, o que a colocará como a terceira maior hidrelétrica do mundo. O volume médio, entretanto, será bem menor: 4.571 MW.
Lobão disse ontem que até mesmo a EBX, do empresário Eike Batista, estaria na lista de possíveis interessados em entrar no projeto. O ministro chegou até a cogitar a possibilidade da parcela da Gaia - de 9% - ser abocanhada por uma das construtoras que irão erguer a usina.
"Podem ser os atuais participantes (do consórcio), podem ser as grandes empresas, a Odebrecht, a Camargo, e assim por diante", disse o ministro.
Parcelas. Odebrecht e Camargo Corrêa não participam da Norte Energia, mas integram o consórcio de dez construtoras que será responsável pelas obras da usina. O grupo de construtores é liderado pela Andrade Gutierrez. Apesar do sinal dado por Lobão, o mais provável é que a participação da Gaia fique mesmo com uma empresa que faz uso intensivo de eletricidade. As grandes construtoras poderão entrar no grupo de controle da hidrelétrica, mas comprando as parcelas que estão atualmente nas mãos de pequenas e médias empresas do setor.
A construção dos canteiros de obra da usina foi liberada na quinta-feira, depois que o governo conseguiu derrubar uma decisão da Justiça Federal do Pará que suspendeu a licença concedida pelo Ibama.
O Ministério Público Federal no Pará, autor da ação que pedia a suspensão do documento do Ibama, criticou a liberação da obra pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1.ª Região, em Brasília. "O início da obra sem as condicionantes pode provocar o caos em termos de infraestrutura na região de Altamira", disse, em nota, o procurador Ubiratan Cazetta.
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